Parente faz da OTC balcão de venda de ativos

Não faz muito tempo, a Offshore Technology Conference (OTC), que anualmente reúne em Houston, nos Estados Unidos, as maiores empresas do mundo de exploração e produção de petróleo no mar, era sinônimo de orgulho para a Petrobrás. Lá, a estatal brasileira foi várias vezes premiada por seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias que a levaram a descobrir o Pré-Sal, onde estão concentrados os maiores campos de petróleo da atualidade. Graças aos investimentos que recebeu nos últimos anos, a Petrobrás passou a ser referência do evento, como uma das gigantes do setor e a mais reconhecida nas atividades exploratórias em águas ultra profundas.

Em meio ao desmonte que vem fazendo de tudo o que a empresa conquistou, Pedro Parente transformou a edição deste ano da OTC em um balcão de venda de ativos. Desde ontem (01/05), quando foi aberta a Conferência, ele vem atuando como garoto propaganda, alardeando as promissoras ofertas que a Petrobrás fará “muito em breve”, quando pretende colocar novamente à venda os ativos, cuja negociação havia sido suspensa pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e por ações na Justiça, devido a uma série de irregularidades, inclusive a falta de licitações públicas.

Nesta terça-feira, 02, o feirão de Parente continuou. Sua palestra na OTC teve o sugestivo tema “Oportunidades da Petrobras em um novo cenário de petróleo e gás”. O objetivo foi divulgar a cartela de ativos que estarão à venda e atrair os investidores estrangeiros para parcerias em áreas estratégicas, como o E&P e o refino.

Os golpistas já deixaram claro que o principal chamariz para os investimentos estrangeiros é o petróleo. Abriram o caminho para as multinacionais operarem o Pré-Sal, desmontaram a política de conteúdo nacional e agora correm contra o tempo para vender tudo o que puderem da Petrobrás.

As refinarias, que até então, estavam de fora dos ativos ofertados, são a novidade do novo pacote que será anunciado pela empresa. “Refino é importante para a Petrobrás. Mas acreditamos que não é bom para a empresa e nem para o país concentrar 100% do refino nas mãos de uma única empresa”, declarou Pedro Parente ontem na OTC.

Seu objetivo é vender as refinarias aos pedaços, repetindo a estratégia adotada no governo FHC, quando foi ministro do apagão e homem forte dos tucanos no Conselho de Administração da Petrobrás. A fórmula que ele quer repetir é a mesma que aplicou na Refap, quando autorizou a venda de 30% das ações da refinaria para a multinacional Repsol. Uma negociata que lesou a empresa em 2,3 bilhões de dólares e é alvo de uma ação de reparação que já corre há 16 anos na justiça. Os trabalhadores da refinaria sofreram uma série de perdas e levaram uma década para conquistar de volta o direito de serem 100% Petrobrás.

Os petroleiros já viram esse filme e não permitirão que ele seja reprisado. A categoria mostrou mais uma vez a sua força na greve geral do dia 28, deixando claro que não aceitará o desmonte da Petrobrás, nem os ataques aos direitos dos trabalhadores. Que sirva de alerta para o governo Temer e para os gestores da empresa. A cada ativo que colocarem à venda, reagiremos. 

 

Foto: Pedro Amorim/Agência Petrobras