O presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse que houve um “endeusamento” da camada do pré-sal que acabou gerando uma expectativa exageradamente otimista em relação à exploração de petróleo em águas profundas. “Houve um certo endeusamento do pré-sal, quando temos em outras áreas da empresa campos excelentes, como na Bacia de Campos”, afirmou.
Parente, que nesta sexta-feira 30 participou de um fórum promovido pela revista Exame, afirmou, ainda, que boa parte dos investimentos feitos pela estatal nos últimos anos acabou por elevar a dívida da petroleira. “É importante mencionar que esse endividamento não gera qualquer retorno para a empresa”, disse. “Existe uma parte de investimentos no pré-sal que traz resultados, mas a maior parte não”, completou.
Ele também disse que a Petrobras pretende reduzir drasticamente o nível de endividamento da companhia até 2018 por meio de cortes de custos e da venda de ativos. “Chegamos a pagar 3,1% de juros em 2013. Hoje está acima de 8,5%”, citou. “Ter uma alavancagem desse tamanho no Brasil é muito complicado”, observou.
As declarações de Parente sobre o pré-sal acontecem a uma semana da votação do projeto de lei que tira a obrigatoriedade da Petrobras de participar de toda a exploração do pré-sal, abrindo o negócio a empresas estrangeiras. Em julho, o governo Michel Temer vendeu a participação de 66% da Petrobras no Campo de Carcará por US$ 2,5 bilhões, valor considerado irrisório por geólogos de todo o Brasil.
O petroleiro Tadeu Porto, diretor do Sindipetro-NF e colunista do blog O Cafezinho, respondeu na lata ao Pedro Parente:
“Imagino que qualquer cidadão ou cidadã brasileira já se deu conta da importância do petróleo encontrado abaixo da camada de sal com a mega produção de curto prazo que a Petrobrás conseguiu – mais de um milhão de barris por dia – numa empreitada que muitos vira-latas diziam ser impossível de acontecer devido ao alto custo de produção.
Se os brasileiros ou brasileiras ainda não acordaram, os holandeses já estão de pé, tomaram o café de manhã e escovaram os dentes, e estão prontos para dar o bote. O presidente da Shell não perdeu a oportunidade de aparecer no gabinete do presidente ilegítimo Michel Temer para tentar adiantar a entrega do Pré-Sal prevista para ocorrer semana que vem na câmara.
Ao menosprezar a maior descoberta do mundo do petróleo das últimas décadas – justamente com o Xisto – Parente desvaloriza o ativo mais importante da empresa que ele mesmo preside. Que tipo de empreendedor comete tamanha insensatez?
A resposta, infelizmente, é tão clara quanto o oceano da Bacia de Santos: Parente joga pro time dos entreguistas, da elite vira-lata que tem preguiça de trabalhar aqui no Brasil e quer viver com as migalhas das multinacionais estrangeiras, deixando a eles os louros da ciência e tecnologia gerada com o aprendizado cotidiano no trabalho e abrindo as portas do Brasil para a famigerada maldição do petróleo, que assola países com reservas superiores às nossas”.
Com informações do Brasil 247 e dos blogs O Cafezinho e Conversa Afiada