Para FUP e sindicatos, a confirmação da demissão de Castello Branco da Petrobrás traz expectativa positiva

Foto: José Cruz/Agência Brasil

FUP e Sindipetros filiados reforçam que mudança no comando da petroleira tem de ser acompanhada por correção de rumo na política de preços dos combustíveis e na venda da RLAM a preço vil

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos filiados receberam com expectativa positiva a decisão da Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da Petrobrás, realizada nesta segunda-feira (12/4), que ratificou a demissão do até então presidente da empresa, Roberto Castello Branco. “A mudança no comando da Petrobrás poderá ser a chance de a maior companhia do Brasil retomar seu papel crucial de indutora do desenvolvimento econômico e social do país, adotando medidas necessárias em defesa da própria empresa, do patrimônio nacional e da sociedade brasileira”, destacou o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.

Bacelar ressaltou os principais itens que exigem correções imediatas de rumo. Entre eles está a nefasta política de Preço de Paridade de Importação (PPI) dos combustíveis, incluindo o gás de cozinha, utilizada desde 2016 e reforçada pela gestão de Castello Branco; e venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, a preço “de banana”, muito abaixo do valor de mercado.

O coordenador geral da FUP observou, contudo, que a indicação do general Joaquim Silva e Luna para assumir a presidência da Petrobrás gera dúvidas sobre a futura condução da nova política de preços da empresa. “De nada adianta mudar o comando da Petrobrás se não houver mudança nessa desastrosa política de preços”, alerta Bacelar, referindo- se aos sucessivos reajustes nos preços dos combustíveis, principais focos de pressão sobre a inflação e deterioração do custo de vida dos trabalhadores.

Os aumentos dos combustíveis, incluindo o gás de cozinha, foram os principais responsáveis pela inflação de 0,93% medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 12 meses, o IPCA registra aumento de 6,10%, acima do teto da meta de inflação estabelecida para este ano, de 5,25%. “O PPI é uma política cruel e equivocada, que reajusta gasolina, óleo diesel e gás de cozinha com base no preço internacional do petróleo e na cotação do dólar – mesmo quando esses combustíveis são produzidos no país, com óleo brasileiro. Resultado: combustíveis caros, fretes e alimentos em alta, inflação subindo”, explica Bacelar.

Para a FUP e sindicatos filiados, a saída de Roberto Castello Branco é a oportunidade de a Petrobrás reforçar sua posição integrada e verticalizada, “do poço ao posto”, como são as grandes petroleiras do mundo, fortalecendo suas operações nos diversos segmentos da cadeia de petróleo, gás natural e energia- incluindo fontes renováveis –, gerando empregos, negócios e renda, investindo em alta tecnologia e na capacitação de seu corpo técnico, assim como fortalecendo a indústria brasileira fornecedora de bens e serviços.

Segundo Bacelar, outro grande desastre econômico e financeiro cometido por Castello Branco foi a venda da RLAM para o Fundo Mubadala, de Abu Dhabi, anunciada no início de fevereiro. “A venda da refinaria, fechada apressadamente e em momento inadequado, em meio à pandemia e à crise econômica global, faz parte de um programa de privatização da Petrobrás que abre mão de sua liderança no refino brasileiro sob alegação de criação de concorrência no mercado – o que é falacioso”, afirma.

A venda da RLAM foi negociada por US$ 1,65 bilhão e precisa ser detida. Cálculos do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) mostram que a unidade vale entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões. O banco BTG Pactual também pontuou que a RLAM foi vendida por um valor pelo menos 35% menor do que valeria. Prejuízo para a Petrobrás e para o Brasil. Na mesma direção, foram avaliações da XP Investimentos e de áreas internas da Petrobrás.

Com a demissão de Castello Branco, a FUP e seus sindicatos esperam que a Petrobrás retome seu protagonismo na economia brasileira, sobretudo diante da incompetência do governo federal de adotar medidas justas e socialmente responsáveis para a retomada econômica do país em um momento tão grave quando o da pandemia de Covid-19.