Paim garante participação da FUP em audiência que discute privatização da Gaspetro

Se não fosse a intervenção do senador Paulo Paim (PT-RS) para liberar a entrada no Senado Federal, dois representantes da Federação Única dos Trabalhadores (FUP) ficariam plantados do lado de fora e sem poder participar da audiência pública da Comissão de Infraestrutura (CI) que debateu a privatização da Gaspetro, um dos patrimônios da Petrobras.

O presidente da CI, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), não quis aceitar um requerimento incluindo o nome de dois representantes da FUP, Simão Filho e Rafael Crespo, na audiência que tinha por objetivo ser uníssona, só ouvir representantes do setor privado que querem assumir esse patrimônio na bacia das almas.

Entre os convidados, Paulo Pedrosa, até pouco tempo no setor privado e agora secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia; Rodrigo Costa Lima e Silva, coordenador do Fórum das Associações Empresariais Pró-Desenvolvimento do Mercado de Gás Natural; Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) que só existe no papel e Vicente Frateschi, representante da Associação Brasileira de Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP).

Esses representantes do setor privado falaram da necessidade de dar rapidez ao que chamam, pomposamente, de desinvestimento da Petrobras em determinadas áreas. Desinvestimento, para bom entendedor, é venda, é privatização pura e simples de um complexo de distribuição de gás que têm 17 mil quilômetros e uma estrutura que garante fornecimento 24 horas por dia, durante o ano, de gás natural. Essa estrutura nasceu da vontade política de Lula, pois, em 2003, no começo de seu primeiro mandato, existiam só três mil quilômetros de dutos.

Hoje, caso haja falta de fornecimento do gás natural que vem da Bolívia e entra no Brasil pelo Mato Grosso do Sul, basta que o gás que entra pela Argentina seja distribuído para qualquer ponto do País que tenha consumo. Nos últimos anos, graças ao investimento estratégico da Petrobras nessa área, um centro de compressão foi construído no Centro-Oeste que calibra a pressão. Um centro de monitoramento, no Rio de Janeiro, tem a visão global desses 17 mil quilômetros de dutos. “Há muitos interesses do setor privado nessa malha, por mais que em países da Europa existam redes com mais de 300 mil quilômetros de malha. Aqui, no caso brasileiro, há interesse de empresas para usar essa malha para acrescentar rede de transmissão de dados”, disse Simão Filho.

Judicialização

Se depender da Federação Única dos Petroleiros (FUP), o governo golpista não vai conseguir privatizar o patrimônio dos brasileiros que formam a Petrobras. Rafael Crespo disse que a entidade e os trabalhadores continuarão questionando a venda direta pelo presidente da Petrobras, o tucano Pedro Parente, do campo de Carcará que fica na bacia de Santos.

Silenciosamente, quase na calada da noite, o novo presidente da Petrobras que não tem compromisso com o patrimônio público, vendeu diretamente para a estatal norueguesa Statoil o campo de Carcará, por US$ 5 bilhões. Entregou esse patrimônio que valeria muito mais do que US$ 30 bilhões.

O discurso que se coloca à sociedade – a ficha está caindo – é a de que a Petrobras não pode operar no pré-sal, porque é caro. É uma das mentiras mais deslavadas que se tem conhecimento. O campo de Carcará tem uma reserva estimada de garantir a produção de 700 mil a 1,3 bilhão de barris. A venda por US$ 5 bilhões, vergonhosamente, porque não se viu ninguém das varandas batendo panelas, significou que cada barril custou à estatal norueguesa a bagatela de US$ 2,00, um valor correspondente a um saco de batata fritas ou a dois litros de gasolina. Um barril tem mais de 100 litros de petróleo. O custo de produção do campo de Carcará de um barril é de US$ 8,00 e esse mesmo barril estava custando em Londres US$ 43,24 às 12h45 desta quarta-feira.

Então, deve-se perceber e entender que o campo de Carcará não foi privatizado, vendido, foi doado. O tucano da Petrobras doou por US$ 2 dólares, duas moedas de US$ 1, um saco de batata frita, um patrimônio que traria riqueza para os brasileiros, para a Petrobras. Mas essa riqueza vai para a Noruega. Esse é o maior exemplo de violência contra o patrimônio dos brasileiros que se pretende adotar com o governo golpista. Vender um patrimônio sem ouvir. A exclusão da FUP no debate sobre a Gaspetro é o exemplo da postura antidemocrática.

Fonte: Agência PT/Marcello Antunes