Outubro de 2013, a greve da soberania!

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FUP

Zero hora do dia 17 de outubro de 2013.De norte a sul do país, com exceção dos quatro sindicatos que não são filiados a FUP, os petroleiros paralisam as atividades no Sistema Petrobrás, atendendo ao indicativo da Federação.Em algumas refinarias e terminais, os trabalhadores já haviam suspendido a troca de turno uma hora antes. Começava ali uma das mais emblemáticas greves da história da categoria, cuja intensidade se assemelhou a maio de 1995.

Foram sete dias de enfrentamento, com a produção reduzida em diversas unidades da Petrobrás e subsidiárias.  Um movimento político, em plena campanha reivindicatória, que extrapolou a pauta corporativa e se transformou no maior enfrentamento da sociedade brasileira ao leilão de Libra.

Nas plataformas, refinarias, terminais, campos terrestres, termoelétricas e usinas de biodiesel, os trabalhadores resistiram à truculência das gerências e enfrentaram a pelegagem das equipes de contingência.  A greve se fortalecia a cada instante, ganhando novas adesões e unindo petroleiros de diferentes gerações.

Mesmo após a decisão equivocada do governo de manter o leilão de Libra, petroleiros de base e as direções sindicais não se deixaram abater e intensificaram a greve. Os petroleiros, mais uma vez, deram exemplo de politização, conquistando corações e mentes de brasileiros e brasileiras sobre a importância estratégica do petróleo para a soberania nacional. Uma luta que não se esgota com o leilão de Libra. 

Polícia para quem precisa

Os gestores da Petrobrás fizeram de tudo para tentar desestabilizar os trabalhadores e as lideranças, utilizando táticas já conhecidas pela categoria. Como na greve de maio de 1995, a empresa recorreu à policia e até mesmo às forças armadas para tentar intimidar os petroleiros.

Navios de guerra da Marinha estiveram de prontidão no Terminal de Solimões, no Amazonas, onde 100% dos trabalhadores aderiram à greve. No Paraná, caminhões do Exército rondaram a Repar, repletos de soldados, numa clara tentativa de intimidação.

Em diversas unidades, as gerências convocaram a polícia para escoltar equipes de contingência, disponibilizando carros, barcos e helicópteros para transportar os pelegos. Até mesmo juízes e desembargadores foram acionados pela Petrobrás para expedir interditos proibitórios, com multas exorbitantes contra os sindicatos. Na Bahia, a multa imposta foi de R$ 500 mil por cada dia de descumprimento do interdito. Houve casos de juízes serem enviados de helicóptero para as portas das unidades, buscando “agilizar” a retomada da produção pelas equipes de contingência.

Cárcere privado

Inúmeras foram as denúncias dos trabalhadores sobre a prática de cárcere privado nas unidades operacionais do Sistema Petrobrás. Os sindicatos recorreram à Justiça e ao Ministério Público do Trabalho e até mesmo à Polícia Federal para exigir a liberação dos petroleiros retidos nas refinarias, terminais e plataformas.

Na Bacia de Campos, os petroleiros protestaram contra a decisão da 1ª Vara do Trabalho de Macaé, que negou liminar impetrada pelo Sindipetro-NF para desembarcar os trabalhadores que foram mantidos em cárcere privado nas plataformas.  Os petroleiros responderam com uma manifestação pública, denunciando para a sociedade a decisão arbitrária, assim como fizeram nas greves de 1992 e 1995, quando deram cartão vermelho para o TST e levaram um jegue para a porta do tribunal.

A GREVE NAS BASES DA FUP

Trocar fotoAmazonas – Reman, Terminal de Solimões,Terminal de Manaus e unidades administrativas

Rio Grande do Norte– 22 plataformas marítimas, Polo Industrial de Guamaré, Refinaria Potiguar Clara Camarão, Alto do Rodrigues, Campo do Amaro, Riacho da Forquilha, Base 34, Campo de Estreito

Ceará– Lubnor, Usina de Biodiesel de Quixadá, Fazenda Belém e plataformas

Pernambuco/Paraíba– Refinaria Abreu e Lima, Terminal de Suape, Terminal de Jaboatão

Bahia– Rlam, Fafen, Ediba, Temadre, Ativo Norte, Miranga, Bálsamo, Araçás, Taquipe, Buracica, Candeias, Usina de Biodiesel de Candeias

Espírito Santo– UTGC, fazenda Alegre, fazenda Cedro, SM-8

Minas Gerais– Regap, Usina de Biodíesel de Montes Claros e Termoelétrica Aureliano Chaves

Duque de Caxias– Reduc, Terminal de Campos Elíseos e Termorio

Norte Fluminense– 42 plataformas da Bacia de Campos Terminal de Cabiúnas

Unificado-SP– Replan, Recap, Terminais de Guararema, Barueri, Guarulhos, São Caetano, Estação de Suzano

Paraná/Santa Catarina– Repar, Six, Terminais de Paranaguá, Guaramirim, Itajaí, São Francisco do Sul e Biguaçu

Rio Grande do Sul– Refap, Terminais de Osório, Canoas e Rio Grande