Os dez dias que abalaram o governo

 

Dia 11 de novembro de 1988, a categoria em assembleia, depois de realizar um minuto de silêncio pelos trabalhadores mortos em Volta Redonda (RJ), decretou greve por tempo indeterminado. O movimento foi para pressionar a Petrobrás a atender às reivindicações dos petroleiros. Em nota à população, foi esclarecido sobre a intransigência do governo federal com a categoria, as sucessivas e incansáveis tentativas de negociação com a Petrobrás e o arrocho salarial frente à crescente inflação. No documento, pediam a compreensão e a solidariedade de toda a população para com a luta dos petroleiros.

Dez dias depois de iniciada a greve, dia 21 de novembro, os petroleiros retornaram ao trabalho, colocando ponto-final em uma das mais contundentes paralisações que o governo Sarney já havia enfrentado. Até aquele ano, havia sido a greve mais longa da categoria e maior do setor do petróleo no mundo. Um ministro caiu, os petroleiros cresceram em umidade, intimidaram as ações militares contra trabalhadores e mostraram ao governo a sua força.

No RS, foi destacada a participação no movimento dos trabalhadores do TEDUT, que romperam com o medo, fortalecendo o movimento e iniciando uma nova história da luta naquele local de trabalho. Na REFAP, foi montado um acampamento em frente à refinaria. Uma das características do movimento foi sua organização em nível nacional, com um comando nacional instalado em Brasília.

Houve uma negociação com o então Ministro de Minas e Energia, Aureliano Chaves, e no final, foi conquistado um percentual maior do que a primeira proposta apresentada pela empresa e do que o próprio julgamento do TST, além da não punição dos grevistas.

Esta greve foi tão significativa, que se chegou a falar que a história do movimento sindical a partir de então seria contada em duas etapas: antes e depois do dia 11 de novembro de 88, quando os trabalhadores do Sistema Petrobrás cerraram fileiras contra o arrocho salarial. Além disso, o movimento chamou a atenção para a postura do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que já havia julgado procedente causa semelhante dos bancários, mas negou a solicitação dos petroleiros.

O ano de 1988 foi um ano que levou às ruas os trabalhadores, em várias greves e manifestações, um ano que consolida o sindicalismo da década de 80. Estas greves foram marcadas especialmente pelas lutas dos trabalhadores das empresas estatais e dos servidores públicos estaduais e federais, que assumiram a ponta de lança das lutas sindicais.