Operários da Siderúrgica Sitrel paralisam atividades por melhores condições de trabalho

Mobilização reforça importância do contrato nacional coletivo para o setor da construção civil.





CUT

Cerca de 400 homens, funcionários da empresa Gotardo, que atuam na Construção da Siderúrgica Sitrel, em Três Lagoas, estão parados neste momento e manifestando sobre as condições de trabalho. O protesto deste sábado (5) acontece em frente à sede da empresa em clima tenso, com representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Membros da Polícia Militar estão no local à paisana, sob a alegação de que suas presenças visam garantir a segurança.

Entre as reivindicações está o não pagamento de horas extras, mas os trabalhadores reclamam ainda da presença constante da Polícia Militar no alojamento, que fica na saída para a cidade de Brasilândia. A denúncia dos operários é que os policiais atuam à ‘paisana’, sem uniforme da corporação.

Segundo relato de um funcionário, que não quis ser identificado, geralmente são dois PMs que fazem revezamento na ‘segurança’ ali. “Para intimidar a gente, os policias sempre ficam armados, mas escondem o armamento quando chega alguma visita ao local”, afirmou o operário.

Já as informações do policiamento do local, é que os homens permanecem nas imediações ‘para evitar roubos e assaltos fora do alojamento’.

Outra crítica é em relação a um desconto de R$ 50 reais, na folha de pagamento, que seria uma contribuição destinada ao Sitricom– Sindicato da Construção Civil e de Mobiliário. Mas acontece que eles não querem a atuação desse Sindicato, pois alegam que o órgão teria fortes ligações com a empresa; e assim não teria forças pra defender justamente quem mais precisa, o trabalhador.

Em contrapartida, os homens exigem o Sindicato da Construção Civil Pesada, que já tem atuado em outras obras na cidade e região e geralmente resolvido as dificuldades da categoria. Mas segundo as informações apuradas no local, a empresa não aceita essa outra opção.

Mais problemas à vista

Outra reclamação dos trabalhadores da construção da Sitrel é sobre a alimentação no alojamento, que seria precária. Criticam a falta de uma nutricionista e comentam que, basicamente, comem os mesmos alimentos, como: salsicha, moela de galinha, lingüiça e frango.

Outra denúncia é que no local até existe um exaustor, mas que não ligam o equipamento, que só usam na verdade, quando chegam visitas

Para aumentar ainda mais a polêmica, os operários reclamam de maus tratos e citam como exemplo situações em que são convocados a trabalharem além do horário de contrato. Ou seja, quando os funcionários se negam a atender o pedido, são ‘obrigados e intimidados’ com os policiais.

Segundo o secretário geral da CUT, Alexandre Costa, a Assembléia vai se manter permanente, até que representantes da empresa e Ministério Público compareçam para resolver a situação.

A reportagem tentou ouvir a empresa, mas nenhum responsável quis falar com o Midiamax. Sobre as denúncias que envolvem a Polícia Militar, o major Élcio Almeida, por celular, revelou que irá ao local, mas já antecipou: “Não há nenhuma ordem para os policiais estarem lá e também não temos ninguém no alojamento para falar em nome da PM. Caso a denúncia seja confirmada, estaremos tomando as medidas cabíveis”.

Mais manifestações por aí

De acordo com representantes da CUT (Central Única dos Trabalhadores), os funcionários que atuam em outra obra, a Eldorado, no ramo de Papel e Celulose, já confirmaram que também vão se manifestar no início da próxima semana.

A empresa, também em Três Lagoas, fica na saída para o município de Selvíria. As reclamações são parecidas sobre a alimentação e condições de trabalho, mas com um agravante: acordos feitos com trabalhadores que combinam um valor, mas na verdade, pagam outro.

Esta outra situação é na MonteCalm, prestadora de serviços na área de construção. “Os trabalhadores já nos disseram que vão parar, que vão cobrar mudanças”, confirmou Alan Garcia Ribeiro, um dos representantes da CUT.