Operários da construção civil fazem paralisação em terceirizadas da Petrobrás, em Três Lagoas (MS)

Além das questões econômicas, operários reivindicam melhores condições para os alojamentos





Do Sindipetro Unificado de São Paulo

Escrito por William Pedreira

Mais uma obra capitaneada pelo governo federal apresenta condições degradantes de trabalho que resultaram em paralisação dos operários por tempo indeterminado. Desta vez o movimento paredista envolve as empresas terceirizadas responsáveis pela ampliação da Usina Termoelétrica Julio Carlos Prestes, em Três Lagoas (MS), que pertence ao Sistema Petrobrás.

Os operários reclamam principalmente das condições precárias encontradas nos alojamentos, que não atendem as condições básicas de higiene e saúde. “Não há como viver num local super apertado, onde o mau cheiro é insuportável. Além disso, o alojamento fica longe da cidade que está localizada a 25 quilômetros. Por exemplo, o cartão chamado mensalinho que os trabalhadores utilizam para comprar alimentos e outros provimentos só é aceito na cidade e para ir até lá é preciso pegar um táxi que gera um custo de R$25,00”, enfatiza Weberton Sudário, conhecido como Corumbá, presidente da Fetricom (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Mato Grosso do Sul).

Conforme informa Weberton, o Ministério Público realizou uma vistoria no alojamento na manhã desta quinta-feira (26).

Com o movimento grevista iniciado na última segunda-feira (23) os operários reivindicam reajuste salarial em mesmo nível para todos os cargos, aumento nos percentuais pagos sobre as horas extras, melhorias em transportes e alimentação,plano de saúde com abrangência nacional, acréscimo no valor pago a cesta básica e mudança da chamada baixada, espécie de licença que os trabalhadores recebem para poder voltar à cidade de origem.

Os operários aguardam uma proposta que deverá ser encaminhada pelas empresas ainda hoje. Está agendada para a manhã desta sexta-feira (27) uma nova assembleia para avaliação da proposta.

O secretário de Políticas Sociais da Conticom/CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira), Luiz Carlos de Queiroz, foi ao Mato Grosso do Sul acompanhar as negociações, preocupado com mais um caso de precarização em obras do governo. “Precisamos estar atentos para garantir que estas obras do PAC, Minha Casa Minha Vida, Copa do Mundo e outras obras públicas tenham maior impacto social na vida do trabalhador. Isso significa garantir salários com ganhos reais mais expressivos, Participação nos Lucros e Resultados, horas extras mais valorizadas, alojamentos em condições dignas, e investimentos em prevenção”.

Desespero bate na porta

Numa tentativa de enfraquecer o movimento grevista, as empresas terceirizadas da Petrobrás cortaram desde hoje a alimentação que forneciam aos trabalhadores. “Estamos solidários aos nossos companheiros trazendo salgadinhos e outros alimentos. É inaceitável que uma estatal do porte da Petrobrás contrate empresas que não possuem nenhum compromisso social com seus trabalhadores”, lamenta Queiroz.