[Por Davi Macedo e Juce Lopes, da comunicação do Sindipetro PR/SC]
Para celebrar o aniversário de 71 anos da Petrobrás, comemorado em 3 de outubro, o Sindipetro PR e SC, em parceria com o Sindiquímica-PR e o Sindimont-PR, realizou na manhã desta quinta-feira (03) um grande ato em frente às unidades Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) e Fábrica de Fertilizantes e Nitrogenados (Fafen-PR), local que se tornou símbolo de luta e resistência em defesa dos direitos das categorias petroquímica e petroleira.
Sob o mote “Ninguém fica para trás”, a manifestação reuniu trabalhadores e trabalhadoras, tanto da ativa quanto aposentados, além de diretores sindicais, que relembraram a história dessas sete décadas e destacaram a importância da reconstrução da companhia após o sucateamento promovido pelos governos anteriores, bem como a integração do Sistema Petrobrás.
Candidatos a vereadores das eleições municipais de 2024, que apoiam as pautas da categoria, também estavam presentes, ressaltando a importância do diálogo entre a política e os trabalhadores na construção de um futuro mais justo e igualitário para todos.
O diretor do Sindipetro PR e SC e da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Felchak, abriu os discursos dos representantes das entidades sindicais. Felchak iniciou a fala enfatizando o seu orgulho em trabalhar na Petrobrás e destacou que o Sindicato não medirá esforços na tentativa de retornar da Usina do Xisto (SIX), em São Mateus do Sul (PR), ao Sistema Petrobrás. “Seguimos batalhando junto à FUP para que os ativos que foram vendidos voltem para a Petrobrás e tudo o que existiu nos governos Dilma e Lula, de 2003 a 2016, retorne para todos os trabalhadores. Aos poucos, estamos conseguindo; há muita expectativa de investimentos e obras para concluir tudo o que foi iniciado por esses governos”, afirmou.
Em seguida, a ex-trabalhadora da fábrica de fertilizantes, Andrea Cristina Elias, agradeceu os esforços das entidades sindicais pela retomada da unidade e repudiou a não recontratação de todos os trabalhadores da Fafen-PR pela Petrobrás. “Essa luta não é só minha; ela é nossa, é de todas as mulheres trabalhadoras brasileiras que aqui represento. Estou aqui também por minha filha e pelas filhas de todos, para que elas não aceitem que suas profissões sejam discriminadas e descartadas, como a Petrobrás fez com todas nós, afirmando que não temos ‘saber notório’. Como não temos, se o menor tempo de contratação entre as trabalhadoras da Fafen foi de oito anos?”, indagou.
O candidato a vereador, Gilmar do Sindimont, lembrou os presentes da importância da política para promover mudanças significativas e garantir que as vozes dos trabalhadores sejam ouvidas nas decisões que afetam suas vidas. “Está na hora de vocês fazerem uma reflexão, fazer uma análise profunda do que nós queremos para os próximos quatro anos em Araucária. Escolher bons representantes, representantes nossos, que tenham um histórico, um currículo, a essência, e que tenha empatia, respeito e transparência”, destacou.
O coordenador do Sindiquímica-PR, Rodrigo Pexe, lembrou da batalha travada pela classe trabalhadora, movimentos sociais e sindicatos para reabertura da Fafen-PR e reafirmou o compromisso do Sindiquímica-PR pela recontratação de todos os trabalhadores e trabalhadoras da fábrica. “Estamos e estaremos lutando pela readmissão de todos. Infelizmente, foi uma imposição da Petrobrás, mas estamos aqui e, enquanto tivermos voz, iremos lutar”, garantiu.
O presidente do Sindipetro PR e SC, Alexandro Guilherme Jorge, finalizou os discursos enfatizando a importância da estatal para o desenvolvimento social e econômico do país, lembrando todo o sucateamento sofrido pela empresa nos últimos anos e enfrentado pela categoria. Jorge ressaltou ainda a importância de votar com consciência nas eleições municipais, que ocorrem neste domingo (06). “Na Fafen, demitiram mil trabalhadores, fecharam as portas e disseram que ela não iria mais produzir. Colocaram a Repar à venda; não sabíamos se iria fechar ou o que aconteceria se fosse vendida. Enquanto estava à venda, foram diminuídos os efetivos, tanto de próprios quanto de contratados. Por isso, no dia 6, vamos votar em quem tem empatia, em quem entende o que fazemos aqui. Você vai votar em quem nunca colocou uma botina no pé, que nunca pisou na lama deste lugar, que a prefeitura deveria arrumar e não arruma? Olhem para quem pensa no coletivo”, alertou.
Ao final do ato, um bolo foi cortado para simbolizar o orgulho e o respeito à maior empresa da América Latina. A celebração reforçou a união e a determinação da categoria em continuar lutando pelos direitos dos trabalhadores e pela valorização da Petrobrás, que representa não apenas uma companhia, mas também um patrimônio nacional que deve estar sempre a serviço do povo brasileiro.
71 anos de luta por soberania
Desde a criação da Petrobrás, muita história foi escrita, com grandes avanços, mas também dolorosos retrocessos.
Criada em meio ao clamor popular da campanha “O petróleo é nosso”, a Petrobrás sempre esteve no centro de disputas. A estatal brasileira, símbolo da soberania nacional, tem sido alvo de constantes pressões internas e externas ao longo de sua trajetória.
De um lado, movimentos populares, sindicatos e defensores da Petrobrás lutam incansavelmente para que a empresa continue estatal, garantindo que suas riquezas beneficiem o povo brasileiro. De outro, o mercado internacional, neoliberais, financistas e entreguistas pressionam pela privatização, visando interesses privados e externos.
Na década de 1990, durante o auge do neoliberalismo, a Petrobrás enfrentou uma grave ameaça de privatização. Sob o governo de Fernando Henrique Cardoso, várias estatais foram vendidas, e a Petrobrás esteve perto de seguir o mesmo caminho. Contudo, a resistência popular e sindical impediu que o processo fosse concluído.
Com a chegada do governo Lula, a partir de 2002, a Petrobrás viveu tempos prósperos. Descobertas importantes, como o pré-sal, colocaram o Brasil no mapa das grandes potências petrolíferas mundiais, gerando riqueza e desenvolvimento para o país. A estatal passou a ser vista não apenas como uma empresa, mas como um motor propulsor para a economia nacional.
No entanto, a partir da operação Lava Jato e, posteriormente, durante o governo Bolsonaro, a Petrobrás foi alvo de um desmonte progressivo. A operação, que supostamente combatia a corrupção, foi usada como justificativa para enfraquecer a estatal, diminuir seu papel estratégico e abrir caminho para a venda de ativos importantes. O governo Bolsonaro acelerou esse processo, com uma política de redução do tamanho da empresa, privatizando partes essenciais, como refinarias e subsidiárias.
Felizmente, o período das trevas foi superado com a vitória de Lula em 2022, mas é preciso vigilância e luta contínua. A mobilização popular, que outrora garantiu a fundação da Petrobrás, segue sendo vital para assegurar que as riquezas naturais do Brasil sejam utilizadas para o benefício de todos os brasileiros.