CUT e Conticom exigem fim do banditismo e respeito à Constituição
CUT, por: Leonardo Severo
Dando as costas à Constituição Federal, a Odebrecht anunciou na última sexta-feira (21) a demissão sumária de 10 trabalhadores da Comissão de Negociação na obra de ampliação da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) em Volta Redonda-RJ, além de aproximadamente 70 operários.
“No dia da demissão, os trabalhadores foram constrangidos e humilhados por policiais à paisana vestindo uniformes da empresa, contratados pela Odebrecht, que se infiltraram no canteiro de obras, a fim de identificar lideranças”, condenou Marcos Aurélio Harting, secretário de Formação da Conticom/CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira) e do Sindicato local, cobrando uma ação ágil e enérgica das autoridades para por fim aos reiterados abusos da empresa.
De acordo com o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Artur Henrique, para início de conversa é necessário garantir a reintegração imediata de todos os trabalhadores demitidos pela Odebretch, bem como a criação de uma mesa para negociar as reivindicações dos trabalhadores. Uma carta com este teor foi enviada por Artur ao presidente da Odebrecht, Pedro Novis.
A Conticom vai apresentar uma denúncia na Organização Internacional do Trabalho (OIT).
“Além das demissões de aproximadamente 80 (oitenta) funcionários, o cerceamento da liberdade de organização sindical e de comunicação e expressão das reivindicações de seus direitos, caracteriza-se como prática antissindical, nos termos definidos pelas Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), às quais o nosso país, Brasil, é signatário e se constitui uma afronta da Odebrecht à Constituição Federal”, sublinhou o presidente cutista.
Tais policiais, esclareceu Hartung, impediram o acesso dos trabalhadores até mesmo aos seus armários individuais onde guardam seus pertences pessoais. “Adicionalmente, impediram os representantes da comissão de conversarem com os trabalhadores, o que é um direito sindical garantido na Constituição Federal”, destacou.
O clima dentro da obra se agravou nos últimos dias, lembrou o secretário de Formação da Conticom, diante da recusa da empresa em negociar as reivindicações da categoria, constantes em pauta unificada apresentada pelo Sindicato local. Os trabalhadores querem adequar alguns itens do acordo coletivo, celebrado em fevereiro, que têm se demonstrado incompatíveis com a realidade específica dessa obra de grande porte e que contratou operários de diversas regiões do país.
Após ter recebido a denúncia, encaminhada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústria da Construção e da Madeira (Conticom), a CUT ampliou a pressão sobre as autoridades para que aja com agilidade e rigor no combate ao banditismo antissindical e cobrou que a direção da empresa abandone o comportamento feudal e respeite a lei.
Dando continuidade à política de assédio, perseguição e chantagem que relembra a ditadura, a Odebrecht voltou à carga na segunda-feira (24), colocando “encarregados” e “líderes de equipe” para alertar os trabalhadores que qualquer manifestação seria reprimida e os seus participantes demitidos.
Na terça-feira, novamente e empresa voltou a colocar policiais à paisana para perambular e fotografar a assembleia, convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e Montagem de Volta Redonda e Região, que seria realizada em frente à entrada principal da CSN.
“Não vamos aceitar que em pleno 2011 a Odebrecht utilize marginais fardados para intimidar operários e fazer com que abram mão de direitos e conquistas. O comportamento criminoso desta multinacional brasileira deve ser combatido de forma exemplar pelo governo, que não pode continuar irrigando com dinheiro público empresas que além de não darem a mínima para o trabalhador, afrontam a própria Constituição do país”, afirmou o presidente da Conticom/CUT, Cláudio da Silva Gomes.