Nota da direção do Sindipetro-NF
Cento e vinte e oito dias após o primeiro vazamento, a imprensa acaba de noticiar que a Chevron informou, que encontrou novo vazamento no Campo do Frade, na Bacia de Campos, litoral norte do estado do Rio de Janeiro. O local é o mesmo onde ocorreu o vazamento de 2,4 mil barris de petróleo, em novembro do ano passado, 3km a leste de onde ocorreu o primeiro vazamento. Dessa vez a empresa soltou uma pequena nota oficial, que não apresenta explicações de como aconteceu esse novo vazamento. Só diz que está investigando a ocorrência e que, logo após a constatação do problema, instalou dispositivos de contenção para coletar gotas do material.
Diante dos fatos o Sindipetro-NF, assim como a FUP, defende a proibição definitiva das operações da Chevron no país. No vazamento anterior a empresa levou dias para comunicar o fato às autoridades competentes, tentou afirmar que se tratava de um fenômeno natural e para agravar ainda mais a situação da empresa, foi constatado que possuía uma unidade de produção gás sulfídrico (H2S), que não estava previsto no plano de desenvolvimento apresentado pela empresa.
Chegou a ser multada, mas passados quatro meses do vazamento, a petroleira Chevron não desembolsou nada com multas pelo vazamento. Segundo divulgado na imprensa no dia 5 de março não chegou nenhuma multa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), existe a possibilidade disso ocorrer no final das investigações em andamento. O Ibama aplicou as multas, no entanto a Chevron recorreu. A empresa informou na matéria que o recurso foi feito durante os prazos legais do Ibama e, acerca do porquê de recorrer ao invés de pagar as multas, a Chevron disse que procura “esclarecer a sua posição relativamente aos seus direitos e outros aspectos técnicos relevantes com o objetivo de esclarecer os fatos”.
A plataforma que opera no Campo do Frade é a Sedco 706 da Transocean, mesma proprietária da Deepwater Horizon, que provocou o acidente no Golfo do México, atuando para a BP. Essa última plataforma da Transocean explodiu e afundou em abril de 2010, no Golfo do México, deixando 11 mortos e causando grandes prejuízos. Cerca de 4,9 milhões de barris de petróleo foram derramados no mar e o vazamento durou 87 dias.
O Sindipetro-NF acredita que vários fatores levaram à ocorrência dos vazamentos no Campo do Frade, operado pela Chevron. O primeiro deles surgiu com a quebra do monopólio de petróleo e a adoção do modelo de concessão, através dos leilões. Esse sistema permitiu que empresas estrangeiras, sem nenhum compromisso com o Estado e povo brasileiro, assumissem áreas para exploração do petróleo brasileiro. A abertura do mercado foi realizada de modo desorganizado e o que vemos com esse acidente é que o Estado não tem nenhum controle sobre essas empresas, que não possuem planos de prevenção de acidentes ou de desastres ambientais. Tornando todo processo ineficiente.
Desde a criação da ANP e o surgimento dos leilões, que o movimento sindical vai às ruas para combater esse modelo adotado no governo FHC, por reconhecer que trazem enormes prejuízos à soberania nacional.