Dirigentes nacionais da CUT, Força, CGTB, CTB e NCST estiveram reunidos para ultimar os preparativos para a grande assembleia sindical de 1º de junho em São Paulo, organizar a mobilização pela redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário e debater a 4ª Jornada Nacional de Debates, coordenada pelo Dieese, de preparação das campanhas salariais de 2010.
Em entrevista ao Portal do Mundo do Trabalho, o secretário geral da CUT, Quintino Severo, faz um balanço da reunião.
Como está a preparação para o 1º de junho?
O conjunto das centrais está comprometido com a realização de um grande evento, onde vamos aprovar a pauta da classe trabalhadora a ser entregue aos candidatos e debatida com o conjunto da sociedade. O que está em jogo neste ano é o projeto de país, é o modelo de desenvolvimento, é a continuidade das mudanças com valorização do trabalho e distribuição de renda.
Pesquisas recentes demonstram a continuidade do esvaziamento do candidato do retrocesso e o crescimento da candidata do aprofundamento das mudanças. Qual a sua avaliação?
Os trabalhadores começaram a identificar a diferença de projetos, esta é a grande constatação destas pesquisas. Todos se lembram o que significou o projeto neoliberal para o país e em especial para os trabalhadores, como repercutiu negativamente em suas vidas. A política de privatização e desmonte do Estado implicou em arrocho salarial e precarização, em regressão dos direitos sociais. Ao contrário, de 2003 para cá, temos um olhar de atenção às demandas sociais, de fortalecimento da economia interna, das estruturas públicas, de um Estado indutor. As pessoas estão refletindo sobre as conseqüências dos dois projetos antagônicos implementados nestas duas décadas. Não podemos voltar ao passado, queremos seguir em frente, aprofundar e acelerar as mudanças em curso.
Inúmeras projeções apontam para um crescimento da economia em torno de 5% em 2010. Isso põe gás na campanha pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário?
Evidentemente que os números positivos ajudam, da mesma forma que o último período de crise internacional atrapalhou. Com o crescimento econômico, a produção se fortalece, os salários se elevam, o consumo aumenta, a roda da economia gira no chamado círculo virtuoso, que abre imensas possibilidades para a redução da jornada. Isso não só porque a economia cresceu, mas porque houve enormes ganhos de produtividade nestas mais de duas décadas, já que a última redução da jornada de trabalho aconteceu na Constituição de 88. Como a situação está favorável, o momento é propício para a aprovação da jornada constitucional de 40 horas semanais.
Exemplos como o dos metalúrgicos da Jama, de Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, que assinaram acordo garantindo a jornada de 40 horas sem redução de salário podem vir a ser cada vez mais freqüentes…
Creio que esta é uma tendência, pois a experiência de Santa Rosa prova que é possível reduzir a jornada praticamente sem impacto nenhum. O acordo fechado entre os trabalhadores com a empresa vai esvaziando o discurso de que a diminuição da jornada representaria riscos para a competitividade.
Na reunião das centrais o Dieese apresentou a proposta de realizar a 4ª Jornada Nacional de Debates, que também ajudará na campanha pela redução.
A ideia é potencializar as campanhas salariais de 2010, que como vimos tem boas condições de arrancar aumentos reais significativos, diante das perspectivas positivas da economia, mas também de priorizar o enfoque da redução da jornada. Nossa compreensão é que o crescimento da economia tem de repercutir numa melhor divisão do bolo e na melhoria das condições de vida e trabalho.