Nesta quarta-feira, 15, a CUT vai realizar mais um Dia Nacional de Luta, em Brasília. A expectativa da CUT é de reunir cerca de 20 mil trabalhadores no ato que será realizado pela manhã em frente ao prédio do Congresso Nacional. Na parte da tarde, a diretoria da CUT realizará audiências com ministros e parlamentares para tentar mais uma vez abrir negociação em torno da pauta dos trabalhadores. O objetivo da mobilização em Brasília é continuar cobrando que o governo federal e o Congresso Nacional abandonem projetos contrários aos interesses da classe trabalhadora e aceitem propostas preparadas e defendidas pela CUT e seus sindicatos filiados.
Milhares de manifestantes estarão lutando pela manutenção do veto presidencial à emenda 3, pela retirada definitiva do PLP 01, pelo combate ao projeto de fundações estatais, pela manutenção e ampliação de todos os direitos previdenciários e pelo fim do fator previdenciário, por direito à terra, pela negociação coletiva no setor público, pelo direito irrestrito de greve e pelo fim do interdito proibitório, por uma educação pública de qualidade e pela redução da jornada de trabalho.
Nesta entrevista ao portal da CUT, Artur Henrique, presidente nacional da Central fala sobre a importância do ato nacional do dia 15 em Brasília.
Qual a expectativa para o próximo dia 15?
Estamos em meio a uma jornada de lutas, iniciada em abril, que vem crescendo em tamanho e em impacto. Logo, não podemos querer menos que uma mobilização de rua ainda mais forte que as três últimas, com milhares de trabalhadores em torno de uma pauta de reivindicações bastante clara e concreta. O palco desta mobilização será Brasília, e isso é muito importante, pois estaremos pressionando o governo federal e os parlamentares. Acredito que a CUT e suas entidades devem ter tanto ou mais garra que a demonstrada nas recentes Marchas do Salário Mínimo. O momento exige isso.
Quais os objetivos da CUT nesta mobilização?
Os motivos de nossa mobilização em Brasília na próxima quarta são conhecidos. Vamos lá para cobrar que o governo federal e o Congresso Nacional abandonem projetos contrários aos interesses da classe trabalhadora e aceitem propostas preparadas e defendidas pela CUT e seus sindicatos filiados. Estamos diante de novos riscos para os trabalhadores. São ameaças acalentadas por setores mais conservadores do empresariado, por setores do Congresso Nacional e – citamos por último para deixar em destaque – por setores do governo federal. Nossa atividade será a quarta rodada de mobilizações nacionais nos últimos seis meses. É um processo de luta que vai crescendo e não deve se encerrar. Além de defendermos nossa pauta, acreditamos que nosso engajamento serve para lembrar aos brasileiros que vale a pena se envolver em manifestações populares. O Brasil precisa mudar – e pode mudar. Desde que os movimentos sociais fiquem em cima. Incansáveis.
Como será organizado o Dia Nacional de Luta?
A garra de nossa militância vai se manifestar desde as nove da manhã, em concentração diante da Catedral, e depois na passeata rumo ao Congresso e no ato político que faremos lá em frente. De mãos dadas, daremos um abraço no Congresso, num gesto simbólico para mostrar a quem, de fato, deve pertencer o poder e a quem deve atender. Além da mobilização de rua, com 20 mil trabalhadores e trabalhadoras vindos de todas as regiões do Brasil, vamos na parte da tarde realizar audiências com ministros e parlamentares para tentar mais uma vez abrir negociação em torno dos pontos da pauta.
Você acredita que a população vem compreendendo as razões dessa nossa luta?
Quando começamos a organizar nosso primeiro Dia Nacional de Luta deste ano, em 10 de abril, poucas pessoas conseguiam entender o que significa a emenda 3. Havia um esforço dos meios de comunicação para confundir a opinião pública. A partir das mobilizações, em diversas partes do país, com panfletagem e atos políticos, os trabalhadores começaram a compreender o perigo que isso representava para os direitos de nossa classe. Então, essa é uma das razões para realizarmos as mobilizações: informar a população. Outras reivindicações, como a defesa de uma Previdência pública sem a retirada de nenhum direito, são familiares à maioria das pessoas. Porém, temas como o PLP 01, por serem muito específicos, ainda exigem muito esforço de conscientização.
No dia 4 de julho, houve a Ocupação Pacífica do Congresso Nacional. A mobilização foi boa?
Muito boa. A combinação de manifestações de rua e paralisações com corpo-a-corpo político ajuda muito. Não podemos ainda comemorar nenhum resultado, pois o conflito está em aberto. Mas já observamos que a pressão está funcionando. Um jornal de circulação nacional trouxe na edição desta terça-feira a notícia de que o governo federal e o Congresso já compreenderam a importância de rediscutir o PLP 01. Isso é mais um indicativo de que não podemos esmorecer, pois a mobilização é o que rompe a inflexibilidade de patrões e governos.
O governo federal está dando mais uma sinalização de ameaça aos servidores federais, através do projeto de fundações estatais. Como a CUT vai lidar com isso?
Em nossa última Executiva Nacional, decidimos combater esse projeto, que por enquanto ainda não veio inteiramente a público. Será mais uma bandeira em nossa mobilização do dia 15. Os servidores federais, que defendem a obrigatoriedade da negociação coletiva, a manutenção dos direitos e a liberdade de organização sindical devem compreender a importância de juntar-se maciçamente à próxima mobilização em Brasília.