O presidente do Sindipetro Caxias e diretor de SMS da FUP fala sobre o sistema de insegurança que assola os trabalhadores da Petrobrás



















Em entrevista publicada originalmente no jornal Petroleir@s, do Sindipetro Unificado de São Paulo, o presidente do Sindipetro Caxias e diretor da Secretaria de SMS da FUP, Simão Zanardi, fala das propostas da Federação para melhorar a segurança na empresa e critica a ganância empresarial em detrimento da vida dos trabalhadores.

 

 

Segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social, o número de acidentes de trabalho nas indústrias de transformação (petróleo, biocombustível e coque) saltou de 5868, em 2006, para 8378, em 2008. A que você atribui esse aumento?

 

O ramo das indústrias que mais cresce é o do petróleo. Os investimentos em segurança no setor petroleiro não acompanham as reais necessidades para proteger os trabalhadores. Os patrões investem em equipamentos para proteger seu patrimônio, que inclusive são segurados. Os trabalhadores, com pouco treinamento, fazem o que podem para se proteger. A falta de treinamento aliada à falta de proteção ao trabalhador são as causas de acidentes. Não adianta ter instalações seguras, com equipamentos de última geração, se as empresas não investirem em treinamento e medidas de proteção ao trabalhador.

 

O que está acontecendo com a segurança do trabalhador da Petrobrás?

 

O treinamento e a capacitação são as principais ferramentas do trabalhador para evitar o acidente, porém os patrões, para economizarem, não investem em segurança, e preferem conviver com o acidente. A luta pela prevenção para evitar acidentes é uma luta entre o capital x trabalho. Enquanto este pensamento for predominante na classe empresarial, os acidentes continuarão a ocorrer. Temos que ter uma nova mentalidade, mais progressista.Segurança não é custo e sim investimento.

 

O fato de a Petrobrás ter 295 mil terceirizados agrava o problema de acidentes?

 

Os empregados próprios têm mais treinamento do que os terceirizados. A luta da FUP e dos seus sindicatos para o treinamento e a aplicação de medidas de proteção ao trabalhado tem evitado muitos acidentes. Os sindicatos que representam os terceirizados estão lutando por salário, sabendo que sua garantia no emprego é muito volátil. Acabou o contrato, acabou o emprego. Hoje, a maioria dos acidentes na Petrobrás ocorre com trabalhadores terceirizados.

 

Qual é a proposta da FUP para melhorar a segurança no Sistema Petrobrás?

 

Primeiro, temos que dar tranquilidade aos contratados estabelecendo uma retenção de verbas das prestadoras de serviços, para evitar o calote na rescisão de contrato, pauta conquistada pela FUP, mas que a Petrobrás não cumpriu. A Petrobrás tem de fazer um imenso treinamento com toda sua força de trabalho, próprios e terceiros, principalmente com os trabalhadores em área de manutenção, operação e produção. A FUP propôs de imediato curso das Normas Regulamentadoras NR-10, NR-13, NR-15 e NR-33. Treinamento em Combate a Incêndio e Primeiros Socorros. Além disso, precisamos implementar os programas de Proteção Respiratória, Proteção Auditiva e Ergonomia. Para garantir segurança na execução dos trabalhos temos que treinar Emissão de PT, Percepção de Risco e Procedimentos Operacionais.

Tudo isso, porém só será possível, com muita luta. A Petrobrás não tem o SMS como investimento. Por isso não cria a estrutura para absolver estas propostas, executar e fazer segurança na prática e não como propaganda.