O petróleo tem que ser nosso e será!


Após um ano de debates e disputas na sociedade – os movimentos sociais defendendo o monopólio estatal do petróleo e os empresários querendo a manutenção da Lei 9.478/97 que desregulamentou o setor – o presidente Lula propôs ao Congresso Nacional novas regras que alteram a atual legislação. A proposta do governo amplia o papel do Estado e se contrapõe ao projeto entreguista implantado pelos tucanos, mas, apesar dos avanços, ainda não é suficiente para garantir que este estratégico recurso natural seja de fato um bem público utilizado em prol do povo brasileiro.
 
Por outro lado, as mudanças propostas pelo presidente Lula colocam em xeque as práticas neoliberais e privatizantes que FHC e seu partido, PSDB, impuseram ao país, ao longo destes 12 anos de existência da Lei 9.478/97. Com o apoio do DEM e de outros políticos que hoje estão na oposição, eles quebraram o monopólio estatal, entregaram o petróleo e gás do país às multinacionais através de leilões, fragmentaram o Sistema Petrobrás, tentaram privatizar as refinarias (chegaram a vender 30% da Refap), cortaram investimentos estratégicos no setor de exploração, reduziram metade do efetivo de trabalhadores, desmontaram áreas de pesquisa, afundaram a P-36, causaram derramamentos de petróleo sem precedentes no Brasil, tentaram o golpe da Petrobrax, entre outras atrocidades.
 
O projeto da direita, assim como hoje, era privatizar a Petrobrás e só não seguiu adiante no governo tucano porque os petroleiros e a sociedade brasileira reagiram e resistiram. O PSDB está, inclusive, buscando apoio de uma empresa de Houston, nos Estados Unidos, para assessorar os senadores tucanos na CPI que ataca a Petrobrás. A empresa que está sendo sondada pelo partido é a mesma que presta serviços para os concorrentes da Petrobrás! Portanto, como já estamos assistindo no Congresso e na mídia, os liberais farão de tudo para que o pré-sal, a maior reserva de petróleo descoberta no mundo nos últimos 30 anos, seja explorado sob o manto privatista da atual legislação do setor.
 
A nação não pode permitir que um patrimônio estratégico como este seja posto em risco por disputas eleitorais e má fé da oposição. Estamos diante de um momento único e decisivo para o futuro do país. A Nova Lei do Petróleo está diretamente ligada ao projeto de país que sonhamos para nossos filhos e netos. É este Brasil que construiremos para as próximas gerações.  Mais do que nunca, precisamos ampliar a luta e fortalecer a unidade dos trabalhadores do campo e da cidade, dos movimentos sociais e estudantis, para impedir que os neoliberais e antinacionalistas privatizem o pré-sal e a Petrobrás. 

Controle estatal e social do petróleo

Muito antes do presidente Lula criar, em julho de 2008, a comissão interministerial para discutir as regras de exploração da nova fronteira petrolífera descoberta na camada pré-sal, a FUP, as centrais sindicais e os movimentos sociais já se mobilizavam para garantir o controle estatal e social do petróleo, não só do pré-sal, como de todo o território e plataforma continental do país. Após intensos debates, que envolveram organizações populares, estudantis e sindicais, os trabalhadores construíram uma proposta unitária de legislação para o setor, que foi apresentada no Congresso Nacional e tramita na Câmara dos Deputados como Projeto de Lei 5891/2009, assinado por 24 parlamentares do campo da esquerda. A proposta dos movimentos sociais garante o controle integral do Estado sobre o petróleo, gás natural e seus derivados; a transformação da Petrobrás em empresa 100% estatal e pública; a destinação social da riqueza gerada por estes recursos minerais; a retomada das áreas exploratórias que foram leiloadas, entre outras medidas para afirmar a soberania nacional sobre este setor.

 Proposta do governo avança, mas é insuficiente

A proposta enviada pelo governo ao Congresso supera o atual modelo privatista de concessão, mas não garante o controle integral do Estado, permitindo que as empresas privadas continuem se apropriando do petróleo, gás natural e seus derivados.  Além disso, o governo altera as regras somente das áreas do pré-sal que não foram licitadas, mantendo sob posse das empresas privadas todos os blocos entregues nos leilões. A proposta de capitalização da Petrobrás é também um fato importante, mas uma parte significativa de seu capital continuará sob o comando de acionistas privados. Em vez de tornar a Petrobrás uma empresa 100% pública, o governo optou por criar uma nova estatal para representar a União nos futuros contratos de partilha.

Fundo Social

A proposta dos trabalhadores para o Fundo Social Soberano também é muito mais ampla do que estabelece o governo em seu projeto de lei. Defendemos que todos os recursos excedentes das atividades de petróleo e gás sejam destinados para políticas públicas de combate às desigualdades sociais. A proposta do governo é de que somente os rendimentos dos recursos que compõem o Fundo sejam aplicados em projetos sociais e de desenvolvimento. Ainda assim, a proposta não contempla questões estratégicas para o país, como a reforma agrária e a previdência pública.

 Ampliar a luta em defesa da soberania

A FUP e seus sindicatos, junto com as centrais sindicais e os movimentos sociais, intensificarão a luta para fazer tramitar e aprovar no Congresso Nacional o projeto dos trabalhadores. Vamos ampliar as manifestações de rua e atos públicos para envolver a sociedade neste debate e, assim, pressionar os parlamentares. O desafio é grande e a classe trabalhadora está preparada para a luta. É nas ruas, mobilizando a população, que vamos construir a história de um país verdadeiramente soberano.