O novo coordenador do Sindipetro Unificado de SP fala sobre os desafios da juventude petroleira e eleição na Petros







Há cinco anos como membro da diretoria do Sindipetro Unificado de São Paulo, agora você assume a coordenação da sede Regional de Campinas, cuja base se encontra a maior refinaria do país, a Replan. Quais os principais desafios para o inicio desta gestão, que  começou no meio de uma negociação importante, como a de PLR, e às vésperas da campanha reivindicatória?

Após três anos como responsável pela secretaria de finanças da sede Regional de Campinas do Unificado, agora assumo a coordenação geral do Sindipetro Unificado de São Paulo. Acredito que o principal desafio deste mandato será construir, em conjunto com toda a direção, uma constante política de renovação, que fortaleça ainda mais o processo de unificação dos petroleiros do estado de São Paulo. Quanto ao momento político e econômico que vivemos, adotado pela presidenta Dilma, o que cabe a nós trabalhadores, é intensificarmos a organização para os enfrentamentos que virão pela frente. Eles apertam de lá, e nós vamos apertar daqui.

Para o sindicato, qual tem sido o maior desafio relacionado às demandas da juventude petroleira?

Acredito que o principal desafio é entender o que esta juventude anseia, e buscar novas formas de atuação que dialoguem melhor com as novas gerações. Mas também sem deixarmos de ser um sindicato de luta, que entende a luta de classe como elemento central nas disputas.

Os novos trabalhadores da Petrobrás já conseguem entender e  enxergar a empresa como pública, ou seja, como um bem do Brasil?

Infelizmente, entre os trabalhadores novos e antigos, existem pequenos grupos com uma compreensão equivocada a respeito da importância da Petrobrás como empresa pública. Diante desta realidade, cabe ao movimento sindical apontar a importância desta conquista para o povo brasileiro, e demonstrar o quanto essa concepção de empresa pública foi essencial para o Brasil enfrentar a crise econômica mundial de 2008. Para bem exemplificar, basta compararmos o comportamento da Petrobrás, que durante a crise manteve sua política de investimento, com a Vale, que de forma arbitrária, iniciou um processo de demissão em massa.

Você também fez parte da militância do movimento estudantil e do coletivo de juventude da CUT. Esta experiência contribuiu para o fortalecimento de sua liderança junto ao sindicato?

Sim. Esta vivência me ajudou, principalmente, a compreender as dificuldades que a juventude trabalhadora enfrenta. Não só os jovens petroleiros, mas o conjunto da classe. A realidade de forma geral é muito parecida, pois 50% dos desempregados no país são jovens e, no caso de negros e mulheres, o mercado é muito mais cruel. Conhecer estas realidades me ajudou a compreender as demandas e, assim, me inserir na construção de políticas públicas que possam solucionar estes problemas. A vivência no movimento estudantil, além de ser um momento de descoberta e coragem, também proporciona real dimensão dos fatos, grande formação teórica e compreensão de diversas concepções políticas e partidárias (PT, PSOL, CUT, CNQ, UNE, etc) que nos deparamos ao entrar em qualquer movimento de esquerda.

Na base dos petroleiros de campinas, quais são as demandas e conflitos do dia a dia, que o sindicato mais precisa estar atento?

Hoje, a nossa maior preocupação é com a segurança na execução do trabalho e o controle de exposição dos trabalhadores aos agentes químicos. Paralelamente a isto, estamos sempre na luta contra outras precarizações que atingem todos os petroleiros, como o atraso de pagamento aos terceirizados, baixa remuneração dos trabalhadores próprios dos setores administrativos, entre outras demandas que estão na pauta de reivindicações da categoria petroleira.

Atualmente, você também é candidato ao Conselho Deliberativo da Petros. Explique a importância da participação dos petroleiros aposentados e da ativa no processo eleitoral do fundo de pensão.

Sem dúvida alguma, a Petros e a AMS são as nossas maiores conquistas. A Petros representa a garantia de uma aposentadoria tranqüila, que não nos submeta às condições precárias de vida. A participação dos petroleiros é de extrema importância, já que é neste fundo de pensão que depositamos nossas economias. Participar das eleições da Petros significa definir o nosso futuro e tomar nas mãos o direito de dizer como deve ser gerido o nosso dinheiro. Deixar pra lá é o mesmo que aceitar que a patrocinadora e pessoas equivocadas, que quase levaram a Petros a um colapso, continuem à frente deste processo.

Em meio à crise econômica que assola os EUA e a Europa, o Brasil encontra-se em posição de “cautela”, através de cortes no orçamento, aumento da taxa de juros e no superávit primário, entre outras práticas que as centrais sindicais são veementemente contra. Diante desta situação, você acha que as campanhas reivindicatórias dos trabalhadores de empresas públicas, como a Petrobrás, por exemplo, serão afetadas?

Sem dúvida. O cenário é delicado e vai exigir das direções sindicais e das categorias, muita inteligência nas negociações. Agora, cabe aos trabalhadores uma postura intransigente de combate a esta política liberal, de ajuste fiscal e superávit primário. A história recente já demonstrou que estas medidas privilegiam o rentismo, a especulação e são desastrosas para o desenvolvimento das forças produtivas. Diante disso, precisamos ir além do discurso de combate. Temos que criar todas as condições para o enfrentamento, fato que para os petroleiros não é missão impossível, já que nos momentos de crise, quando tivemos nossos direitos ameaçados, sempre soubemos nos organizar, lutar e responder em alto e bom som, que não admitimos ser vitimas do neoliberalismo. Não será diferente desta vez.

Como os sindicatos vão se posicionar em relação a isso?

Com firmeza, muito trabalho de base, debates e seminários com o objetivo de preparar a categoria para a greve, se for necessário. Também buscaremos o fortalecimento da aliança com todas as categorias que iniciam suas campanhas no segundo semestre.

Os trabalhadores já estão cientes dos possíveis riscos de uma difícil campanha reivindicatória?

Acredito que sim. O petroleiro sabe analisar a conjuntura e já entendeu o recado que o atual governo tem passado. Nosso papel é de enfrentamento e de continuação da luta contra qualquer tipo de golpe contra as nossas organizações, para assim continuarmos no avanço de nossas conquistas.
 

Qual a mensagem de incentivo o sindicato dá aos petroleiros em relação a esta e todas as outras lutas da categoria?

Que fiquem atentos a atual conjuntura para que nesta campanha possamos construir novas formas de mobilizações. Também é preciso alertar que a categoria entenda a necessidade de construirmos a unidade da classe e, principalmente, de seguirmos lutando com independência de partidos e governos.