O governo tucano de José Serra, em São Paulo, vem dando uma grande contribuição ao movimento sindical brasileiro. Ele lembra o modo como o PSDB trata a organização dos trabalhadores e, agora, com a demissão de 61 metroviários, deixa clara a visão do partido sobre as entidades sociais.
Como sempre, a demissão foi anunciada como tendo outras motivações. Segundo o Metrô, que é administrado pelo governo paulista, os demitidos são "empregados cujo desempenho, avaliado até o mês de julho de 2007, não era adequado aos padrões desejados".
Responder a uma Greve com demissões é típico da truculência conservadora que os petroleiros, por exemplo, conheceram durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. É por isso que, neste momento, mesmo com toda a mídia jogando contra, a categoria petroleira, através da FUP, manifestou a sua solidariedade aos metroviários.
Também como de costume, a grande mídia destaca os efeitos de uma Greve como a dos metroviários para a população, pouco considerando a legitimidade da reivindicação dos trabalhadores. É como se o trabalho fosse uma obrigação, e não uma fonte de realização e de sobrevivência.
A diferença de concepção acerca do tema mostra bem o viés ideológico da direita, que não perde uma oportunidade de tentar criminalizar a organização dos trabalhadores, buscando transformar o grevista, aos olhos da sociedade, em um bandido — como nos mais sombrios ambientes de ditadura.
Países com tradição de organização sindical mais sólida, como a França, possuem, claro, os seus partidos conservadores e as suas tentativas de repressão, mas a organização coletiva, a atividade reivindicatória, é vista pela sociedade muito mais como um gesto libertário, de afirmação de autonomia, de que como algo subversivo.
A contribuição de José Serra é especialmente didática para os recém chegados ao mercado de trabalho. No caso do Setor Petróleo, poderia lhe render uma medalha do mérito educacional pelo oportuno ensinamento que oferece aos petroleiros admitidos recentemente. Como estes não vivenciaram momentos como o da Greve de 95, agora têm, pelo menos, uma pequena mostra do que o reacionarismo tucano é capaz.
Além disso, ajuda o trabalhador a valorizar o momento propício que atravessa, onde as negociações são respeitosas e se dão de modo permanente, com a ocupação de espaços de decisão que permitem o exercício cada vez maior de influência sobre os temas de interesse da sociedade.