O Diretor do Sindipetro PR/SC e trabalhador da Petrobras Transporte fala das especificidades da exploração do pré-sal em Santa Catarina








As reservas de petróleo do pré-sal podem trazer grandes mudanças para o país. Qual a dimensão dessa descoberta para a sociedade brasileira? 

 

Sem dúvida a descoberta das reservas do Pré-Sal podem trazer grandes avanços sociais para o Brasil. Hoje com essa perspectiva, o Brasil ficaria entre os principais países em reservas de petróleo do mundo. Mas, para que realmente aconteça uma mudança social e não somente em um estrato da sociedade, é fundamental que haja um avanço na legislação brasileira. Na nossa visão, o Estado precisa ter um controle maior sobre a exploração e a distribuição das riquezas. É por isso que a FUP luta para que haja mudança no marco regulatório do petróleo no Brasil.

 

Qual o verdadeiro potencial do petróleo encontrado nas áreas de pré-sal?

 

Inicialmente esperava-se cerca de cinco bilhões de barris, a expectativa aumentou para oito bilhões e hoje as previsões vão de 100 a 338 bilhões de barris. Para termos uma idéia do que isso significa, hoje nossas reservas são de 14 bilhões de barris e a reserva da Arábia Saudita (a maior do mundo) gira em torno de 264 bilhões de barris. Vamos considerar que a reserva seja de 160 bilhões de barris com um preço de US$ 40,00 o barril, estamos falando de uma riqueza projetada de US$ 6,4 trilhões que é quatro vezes o PIB brasileiro.

 

A indústria petrolífera brasileira possui estrutura para avançar na produção do pré-sal?

 

Acredito que ainda não temos, mas também não podemos cometer o erro de querer explorar toda nossa riqueza natural para alimentar o mercado externo. Temos uma demanda interna e nossa principal meta deve ser atingi-la com os recursos nacionais. Hoje há um esgotamento da matriz energética do petróleo e gás natural e teremos muito tempo para explorar nossas reservas.

 

Sobre a capacidade de exploração, há dois pontos de vista antagônicos: o que defende a exploração gradativa visando atender as necessidades internas (defendemos esse) e o outro dos que pregam que o Brasil não tem capacidade de explorar as reservas, afirmando que a privatização é a melhor saída para conseguir rapidamente aproveitar os impostos gerados, mesmo que a venda e a exploração fique com o capital internacional privado.

 

Quais são os poços do pré-sal que já estão sendo explorados? Qual o destino do petróleo extraído dessas reservas?

 

Hoje são explorados os campos de Jubarte (ES), Marlim (RJ) e Tupi (SP). Infelizmente hoje muito desses recursos são explorados por empresas multinacionais que utilizam unicamente para exportação.

 

Como você tem visto as principais alternativas que surgem para se lidar com o pré-sal, principalmente no que diz respeito à criação de uma nova empresa pública para gerir a exploração de petróleo na camada pré-sal?

 

Nossa luta é pelo controle Estatal da matriz energética do petróleo e do gás natural e principalmente pela regulamentação dos lucros obtidos, ou seja, temos que socializar os recursos na Educação, Saúde, Infra-Estrutura e não deixar que ele fique nas mãos de empresas multinacionais. Isso seria possível através de uma Petrobrás 100% Estatal e da mudança na Constituição, para isso estamos organizando um abaixo-assinado oficial para encaminhar um projeto de lei popular e precisamos de 1,3 milhões de assinaturas. Cada brasileiro tem responsabilidade nessa mudança.

 

Qual a conjuntura atual da produção do pré-sal no Estado de Santa Catarina?

 

Em Santa Catarina temos uma expectativa de 6,65 bilhões de barris. Falando somente em nível de Estado isso traria um ganho excepcional em royalties, que é o percentual repassado pela União aos Estados e Municípios onde ocorrem exploração e transporte do petróleo, e em arrecadação do ICMS – Imposto Estadual originado na venda e no transporte de produtos.