O diretor de Saúde e Segurança da FUP, José Maria Rangel fala sobre a sua reeleição para a coordenação do Sindipetro NF e dos novos desafios da direção do sindicato

 

Há cerca de quase duas semanas, o diretor de Saúde e Segurança da FUP, José Maria Rangel, foi reeleito coordenador do Sindipetro-NF para o triênio 2014/2017. O processo eleitoral do Sindicato, que elegeu a Chapa 1/"Avançar com Segurança", apoiada pela FUP, ocorreu durante vinte e um dias corridos, com participação maciça dos trabalhadores da Bacia de Campos. Em entrevista à FUP, José Maria fala sobre o trabalho realizado durante este processo e cita os principais desafios do sindicato para o novo triênio.

Confira a entrevista:

Qual a sua avaliação sobre todo o processo eleitoral que levou a atual diretoria do Sindipetro NF à reeleição?

A eleição no Norte Fluminense ocorreu por vinte e um dias, mas antes do período de votação passamos cerca de mais uns vinte dias com as duas chapas debatendo suas propostas com os trabalhadores da Bacia de Campos, principalmente nos aeroportos e esta foi a grande diferença. Quando confrontamos ideias com a oposição (PSTU) e mostramos para os (as) petroleiros(as) o trabalho que foi realizado no mandato em curso, que não foi pouco e, que está por se encerrar, mostramos os desafios que teremos pela frente e afirmamos que a CHAPA 1 – AVANÇAR COM SEGURANÇA é que tem as melhores propostas e os melhores quadros  para encarar e superar as adversidades, sem falsas promessas. Os trabalhadores entenderam rápido e não caíram no discurso fácil.

Posso afirmar sem medo de errar, que foi a vitória de quem tem trabalho, propostas e coragem para encarar desafios. Do outro lado é só a negação pela negação.

A chapa 2 venceu as eleições com 67% dos votos, fato impressionante se tratando de uma base tão grande de trabalhadores como a da Bacia de Campos. Vocês esperavam tal envolvimento da categoria nesse processo eleitoral?

Eu costumo dizer que a Bacia de Campos é um caldeirão em frequente ebulição e é bom que seja deste jeito. São mais de cinquenta plataformas com problemas mil, áreas administrativas, quatro aeroportos, turnos em terra e um Terminal que mais parece uma Refinaria, com vários problemas onde cada gerente quer fazer a sua própria política de RH ou de SMS, descumprindo o que é acordado coporativamente. Certamente, esses são fatos que mobilizam a base e fazem com que os(as) petroleiros(as) da Bacia estejam mobilizados sempre. A participação no processo eleitoral é o resultado dessa efervescência toda.

O Sindipetro NF é um sindicato atuante e, nos últimos anos, intensificou a luta pela saúde e segurança dos trabalhadores do Sistema Petrobrás. Na sua avaliação, serão necessárias novas táticas de luta que solucionem e otimizem ainda mais a área de SMS da Petrobrás?

Olha, se eu for falar em SMS levarei o dia todo, mas uma coisa é muito clara para mim: não existe vontade política dos gestores da Petrobrás em mudar a maneira como tratam a saúde e segurança na nossa empresa. Não acredito em nada que seja imposto de cima para baixo, ainda mais se tratando de saúde e segurança. Só para ficar na Bacia de Campos: como pode uma empresa que afirma ter a vida como seu maior valor, deixar as plataformas da parte velha da Bacia chegarem ao atual nível de degradação, colocando em risco a vida vários trabalhadores? Quantas foram a s interdições de plataformas? Onde estão os mentores e executores da política de sucateamento da Bacia de Campos? Foram punidos  ou promovidos?

Só quem pode e  vai mudar isso são os trabalhadores, através de organização e qualificação e, é o que estamos fazendo, para a cada dia que passa, os trabalhadores atuem com mais firmeza em defesa da vida.

Como o sindicato pretende conscientizar ainda mais os trabalhadores sobre a importância desta questão?

Investindo nas CIPAS, que para nós não pode e nem deve ser apenas para cumprir a NR-5, como as operadoras insistem em fazer. Também vamos fazer cumprir o capítulo sétimo do ACT, que trata das questões de SMS, “provocando” mais os órgãos de fiscalização do estado brasileiro para que cumpram o seu papel e, por fim, melhorar continuamente a sintonia entre sindicato e trabalhadores na busca de melhores condições de trabalho e na defesa da vida.

Quais os principais desafios da diretoria reeleita para o novo mandato e, para a metade do ano de 2014, que além de ser um ano eleitoral para a categoria petroleira, também está quase às vésperas da eleição presidencial?

Com todas as particularidades da nossa categoria, pois temos pessoas que moram do Amazonas até o Rio Grande do Sul, devemos  levar a estrutura do sindicato bem mais pra perto deles. Estamos pensando no sindicato itinerante, em ter diretores ainda mais presentes nas bases, na realização de seminários e cursos de formação, principalmente para a rapaziada que está chegando na empresa, pois é fundamental que eles conheçam a bonita história de lutas  da nossa categoria. Além disso, vamos trabalhar muito, já que nosso sindicato não tem espaço para preguiça, pois somos demandados o tempo todo.

Quanto às eleições gerais no país, penso que a categoria já está madura para travar este debate de maneira franca. Sabemos que ainda não temos a empresa dos nossas sonhos, principalmente no que diz respeito ao trato com os trabalhadores. Como exemplo posso citar o PIDV em curso, onde vários de nós no final de carreira estamos sendo tratados com um peso para empresa, quando ela diz que vai economizar X bilhões de reais com o programa. Falta respeito e reconhecimento para com os trabalhadores, no entanto o projeto de país que a oposição apresenta nós já conhecemos, não temos saudades e vamos fazer de tudo para que não volte.

Vamos ter coragem de debater com a categoria e mostrar o caminho, que é a continuidade do projeto iniciado por LULA , com alguns acertos de rumo.