O diretor da secretaria de previdência do Sindipetro Unificado de São Paulo fala sobre questões da Petros, AMS e repactuação







Em entrevista ao Jornal dos Petroleiros do Sindipetro Unificado de São Paulo, o diretor da Secretaria de previdência do sindicato, Carlos Cotia fala sobre  questões relacionadas à Petros e AMS, explica porque a repactuação foi benéfica para os aposentados e pensionistas e reafirma a importância da atuação sindical, em contraposição aos que pregam o individualismo.

Confira a entrevista:


Quais caminhos te levaram à militância sindical?

Como muitos, comecei a militância no movimento estudantil; dali em diante tudo foi uma consequência direta do processo de tomada de consciência de que é necessário lutar sempre para que as coisas mudem. Se a gente quer que a vida melhore, não podemos ficar parados esperando. Depois, continuei atuando no movimento sindical petroleiro.

Quando você se aposentou?

Me aposentei em dezembro de 1994, como técnico químico, mas mesmo após a aposentadoria continuei participando do movimento sindical.

A repactuação, de fato, foi um bom negócio para os aposentados e para a Petros?

Com certeza foi, hoje estaríamos em uma situação muito pior se não tivesse ocorrido a repactuação.

Por que?

A repactuação estabeleceu uma forma de custeio que garantiu a sustentabilidade do plano e o equilíbrio futuro da Petros, o que é essencial para a tranquilidade de quem está aposentado ou em vias de se aposentar. Do lado do participante, resgatou direitos de pensionistas e gerou ganhos reais para os aposentados sobre a parcela de INSS; hoje esse ganho está na casa dos 20%. Além disso, e o que eu considero um dos aspectos mais importantes, é que a repactuação abriu a possibilidade de todos terem um plano de previdência complementar, inclusive os companheiros da Transpetro.

Em relação à AMS, quais são os principais problemas e como resolvê-los.

O plano de saúde é uma questão bastante complexa, pois diz respeito diretamente à garantia de vida da pessoa, e isso não pode ser tratado de maneira burocrática ou leviana. A AMS atualmente tem muitos problemas como falta de credenciamento em várias localidades, demora em dar respostas às demandas dos assistidos, sofre ataques por parte de planos privados que querem abocanhar esse serviço, mas, no meu entender, o principal gargalo da AMS é na gestão. A Petrobrás precisa entender que a AMS não é um plano de saúde privado e não pode se ater aos limites do mercado, é necessário um novo paradigma para a gestão da saúde dos petroleiros e seus familiares.

Como você avalia a proposta de os trabalhadores terem participação direta na administração da AMS? 

Esse é outro ponto delicado. Acho importante os petroleiros, através de suas entidades, participarem da gestão da AMS, mas é necessário ter bem definido como isso se daria. Não adianta, por exemplo, participar da gestão se não houver possibilidade de interferir na definição das verbas, ou no gerenciamento operacional do sistema, essas são duas questões fundamentais. Temos de participar a partir de um plano global que aponte para a solução dos problemas atuais, porque participar por participar é simplesmente validar o que está aí hoje, é ficar segurando o talo do abacaxi.

Mas no dia a dia o trabalhador enfrenta várias dificuldades quando necessita de uma consulta, de uma internação ou um procedimento cirúrgico. O que pode ser feito nesses casos?

O nosso sindicato tem uma experiência bastante positiva nesse aspecto e que pode servir de parâmetro para a atuação em outros locais; mantemos um plantão permanente de atendimento de quem está tendo problemas com a AMS, para auxiliar os companheiros a terem seus direitos garantidos, direito a um atendimento digno, a não ficar perdido no meio da burocracia, a ter procedimentos agilizados. Isso tem dado bons resultados.

Isso não se confunde com assistencialismo?

De maneira alguma, a entidade representa os sindicalizados em todas as suas demandas, e atua pressionando a gestão da AMS para que atenda corretamente os assistidos. A ação do sindicato não pretende substituir a obrigação da AMS, mas ser mais um pólo de pressão para que as coisas se agilizem, porque quem está com um problema de saúde não pode esperar.

 Na sua opinião, por que é importante o aposentado continuar participando do sindicato?

Além dos aspectos que envolvem a Petros e a AMS, nosso sindicato tem atuado de maneira dinâmica na organização dos companheiros aposentados, o Unificado é o elo de ligação entre o pessoal aposentado e da ativa, porque não existe solução individual. É através do sindicato que se organiza a luta coletiva. Só para citar um exemplo que está na lembrança de muitos: em 1997, o governo neoliberal cortou uma série de direitos dos petroleiros; ao longo dos anos, a FUP e o sindicato pressionaram, mobilizaram os trabalhadores e, assim, fomos reconquistando o que havia sido cortado. Isso só foi possível graças à ação conjunta porque individualmente ninguém conseguiria. O sindicato alia apoio individual ao petroleiro que necessita, ações coletivas na Justiça, como a dos níveis, que está em andamento, e organização e mobilização política do conjunto dos trabalhadores da Petrobrás e da classe trabalhadora.