Em artigo exclusivo para o Sindipetro Unificado de São Paulo, o diretor-técnico do Dieese, Fausto Augusto, traz reflexões sobre as reinvenções que o momento histórico exige ao sindicalismo
No final de fevereiro deste ano, o Brasil confirmava a primeira ocorrência de Covid-19. Em menos de três meses, já são mais de 360 mil casos confirmados, cerca de 23 mil óbitos e toda a economia seriamente impactada pela doença e pelas medidas restritivas necessárias ao enfrentamento da enfermidade.
O mundo do trabalho não será o mesmo após essa crise. As mudanças que estavam em processo se aceleraram, tecnologias que estavam maduras estão sendo rapidamente implementadas, novas formas de gestão se desenvolveram e modificações que ocorreriam ao longo de uma década tornam-se realidade em alguns meses.
É um momento de rápidas transformações e o movimento sindical precisa e já está se adaptando a tudo isso. A crise que se instala demanda novas formas de organização do trabalhador, de estratégias de negociação com as empresas e de atuação junto ao poder público.
Nunca houve momentos tranquilos para os representantes dos trabalhadores. Alguns períodos foram marcados por mais conquistas, outros por mais perdas, mas foi sempre na luta cotidiana que se forjaram as grandes transformações na organização dos trabalhadores e foi assim que surgiram as lideranças.
É preciso deixar o novo surgir: práticas, movimentos, militantes, ideias. A geração presente precisa ser generosa com a geração que chega, ter paciência com a história, confiando que as conquistas e as lutas dos trabalhadores continuarão. Fundamental: acreditar que a nova geração pode construir um mundo diferente pós-pandemia.
Por Fausto Augusto Junior é diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).