O custo das privatizações

Desastre e crime ambiental no Norte Capixaba e em Sergipe são consequências das privatizações da Petrobrás e causam preocupação deixando trabalhadores e meio ambiente ameaçados

[Da comunicação da FUP*]

Nas últimas semanas, acidentes ambientais de grandes proporções em campos privatizados da Petrobrás, no Norte Capixaba e em Sergipe, acenderam o alerta sobre os perigos da privatização no setor de petróleo. Esses episódios reforçam a preocupação com a gestão de ativos estratégicos por empresas privadas, que muitas vezes carecem de expertise e de comprometimento com o meio ambiente e com a segurança dos trabalhadores.

Entenda o que aconteceu:

Desastre ambiental no Espírito Santo já é considerado o maior da história do Estado

Semana passada, um grave derramamento de óleo ocorreu no campo de Inhambu, no Norte Capixaba, operado pela Seacrest, uma empresa controlada por um grupo norueguês. O incidente, descrito como o maior desastre ambiental relacionado ao petróleo no Espírito Santo, resultou de um blowout — um vazamento descontrolado devido a falhas no sistema de controle de pressão do poço.

Segundo o Sindipetro Espírito Santo, o acidente provavelmente se deve à falta de treinamento adequado dos trabalhadores e à ausência de preparo técnico por parte da empresa. Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram vastas áreas cobertas de óleo, destacando o impacto devastador para a fauna e flora locais. O campo de Inhambu, anteriormente pertencente à Petrobrás, foi privatizado em 2020, e esse não é o primeiro acidente envolvendo a Seacrest na região. Outros derramamentos de petróleo já haviam sido registrados em Linhares, nos polos Cricaré e Lagoa Parda, também vendidos durante o governo anterior.

Crime ambiental em Sergipe: material radioativo é descartado irregularmente

No início de outubro, em Carmópolis, Sergipe, outro grave episódio chocou a população local. A empresa Carmo Energy, responsável pela operação do Polo Carmópolis, foi acusada de descartar resíduos de óleo contaminado e material radioativo em áreas de vegetação. A Comissão Nacional de Energia Nuclear confirmou a presença de material perigoso, classificando o incidente como um dos maiores crimes ambientais da história de Sergipe.

A Polícia Ambiental já está investigando o caso, enquanto o Sindipetro Alagoas/Sergipe denuncia o descaso e a negligência da Carmo Energy, que assumiu a operação após a privatização do polo em dezembro de 2022. O crime ambiental agrava ainda mais a situação dos trabalhadores e das comunidades vizinhas, que sofrem as consequências da falta de responsabilidade por parte da empresa. 

Desastres e crimes ambientais expõem as consequências da política de privatização 

Os recentes acidentes levantam questões sérias sobre o impacto das privatizações no setor de petróleo. O que se vê nos campos de Inhambu e Carmópolis são exemplos claros da precariedade na gestão de empresas privadas que não possuem a expertise necessária para operar em áreas sensíveis. Falta de treinamento, condições inseguras de trabalho, ausência de equipamentos de proteção individual (EPIs) e o desrespeito às normas ambientais são algumas das críticas apontadas pelos sindicatos.

A venda de ativos da Petrobrás para empresas estrangeiras, como a Seacrest, é uma das marcas da política de privatizações implementada no governo anterior. Essas privatizações, muitas vezes realizadas a preços abaixo do valor de mercado, trazem sérios riscos para o meio ambiente, os trabalhadores e as comunidades locais.

Assim acontecem as grandes tragédias

A sequência de acidentes ambientais, como o blowout no Norte Capixaba, relembra tragédias recentes como os rompimentos de barragens em Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, ambos também envolvendo empresas privatizadas. O despreparo das companhias privadas para lidar com situações de emergência e o descaso com as áreas afetadas representam uma ameaça constante ao meio ambiente e à segurança das pessoas.

Diante dessa realidade, sindicatos, ambientalistas e especialistas pedem uma ação urgente por parte do governo e das autoridades ambientais. O Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), por exemplo, precisa reforçar sua atuação para garantir que os danos ambientais sejam mitigados e que novas tragédias sejam evitadas. Ao mesmo tempo, é necessário um olhar atento das autoridades para proteger os trabalhadores e as comunidades impactadas por esses acidentes.

Os casos do Espírito Santo e Sergipe, mostram que não há como privatizar a gestão dos recursos naturais do Brasil já que, essa atividade implica na garantia da soberania nacional, que deve ser feita com responsabilidade e foco no desenvolvimento sustentável e na preservação do meio ambiente.

Enquanto isso, a luta contra as privatizações continua, com a FUP e seus sindicatos buscando alternativas para proteger o patrimônio nacional e garantir que o país avance de maneira segura e responsável.

*Fontes de informação: TCONLINE, PETRONOTÍCIAS, TV ATALIA