Itamar Sanches é Coordenador do Sindipetro Unificado do Estado de São Paulo e foi um dos dirigentes sindicais que liderou a greve de 7 dias na Refinaria de Paulínia (Replan), na luta pelo pagamento em dobro dos feriados trabalhados para todos os trabalhadores. Itamar também é um dos candidatos apoiados pela FUP e sindicatos nas eleições da Petros. Ele, junto com Claudio Alberto, disputa a vaga de representante dos trabalhadores no Conselho Deliberativo da Fundação. Nesta entrevista, Itamar avalia a greve e fala da sua participação na eleição da Petros.
Que balanço você faz da greve na Replan?
O saldo da greve dos companheiros da Replan foi totalmente positivo. Primeiro porque a greve teve mais de 90% da participação dos trabalhadores, segundo porque os novos petroleiros e petroleiras que nunca tiveram a oportunidade de fazer uma greve, aderiram com muita vontade e garra, por sinal. Durante as mobilizações, foram bastante participativos, ajudaram na organização das portarias e nos piquetes de convencimento, sempre pacíficos. Um dos exemplos do empenho da Direção do Unificado e da categoria nesta greve foi o que aconteceu à zero hora do sábado, 07, quando tivemos cerca de 100 companheiros nas portarias e “ratodutos”, onde os pelegos poderiam furar a greve. Esta iniciativa mostra a todos que ainda é possível ter unidade, já que uma greve como esta não acontecia desde outubro de 2001.
Em sua opinião, qual foi o maior mérito da greve?
O grande mérito desta greve foi mostrar que os trabalhadores não se intimidam com as arbitrariedades da Petrobrás, como a retirada do direito da hora extra feriado, vide à época do governo tucano. Esta atitude da empresa foi mais uma injustiça com os trabalhadores novos, de 2002 a 2007, e principalmente com os novíssimos que entraram em 2008. A posição unilateral da empresa teve uma resposta à altura, pois a indignação dos trabalhadores fez a categoria se unir, aprovando os indicativos da Direção nas assembléias com unanimidade e enfrentando a Petrobrás com organização e consciência, Este foi o mérito da greve, a união.
Como está o clima na refinaria após a greve? Há ameaças de punição?
O clima é de luta, ou seja, muito bom. Negociamos nossa volta, e ficou acordado que não teremos punições, os dias parados serão descontados em 3 parcelas e sem reflexos nos demais direitos como férias, anuênio e avanço por mérito. Os petroleiros estão todos de cabeça erguida, certos da opção de luta que fizeram e preparados para a greve do dia 23. Se o Brasil acompanhar o indicativo da FUP e o clima dos companheiros do Unificado de SP, com certeza teremos uma das maiores greves na Petrobrás dos últimos tempos.
Como os trabalhadores estão se posicionando em relação à greve nacional indicada pela FUP?
Estão todos preparados e conscientes de que é preciso continuar firme nesta luta. No entanto, ainda será discutido em assembléias, reuniões setoriais de qualificação de greve, onde discutiremos o atual modelo de greve ou se mudaremos, pois na greve da Replan não tivemos ainda parada ou controle da produção. No mais, 90% dos trabalhadores estão prontos e dispostos a continuar a reivindicar pelos seus direitos e lutar contra as injustiças da Petrobrás. Agora a greve é nacional.
Em relação às eleições da Petros, onde você é candidato ao Conselho Deliberativo (suplente do Cláudio Alberto), como tem sido a receptividade da categoria?
Esta questão ainda está relativamente crua na região de São Paulo. A campanha está começando agora nos boletins do Sindicato e da FUP, mas acredito que a nossa chapa terá o apoio dos trabalhadores que acompanharam a nossa luta pela repactuação, 80% dos companheiros da ativa acreditaram e repactuaram. Agora vamos dar continuidade à campanha e aguardar o apoio dos trabalhadores em nossa defesa dentro do conselho.