Como foram as últimas mobilizações feitas na Bacia de Campos?
Foram bastante positivas, construídas em três seminários de qualificação de greve, que realizamos após a greve de março, onde a categoria apontou a necessidade de inovarmos nas nossas mobilizações. Foram dois movimentos, sendo que um de operação padrão e outro de não emissão de PT (Permissão de Trabalho) e cumprimento do manual de segurança do E&P (área de Exploração e Produção da Petrobrás). Estes movimentos se caracterizaram pela surpresa do indicativo, pois não apontamos nem data, nem o tipo de mobilização que iríamos fazer.
A estratégia da surpresa tem dado certo?
Penso que sim por dois aspectos: primeiro, a Petrobrás, sem saber o que iria acontecer, mobilizou a sua equipe de pelegos, tanto nas plataformas, como no terminal de Cabiúnas. Segundo, tivemos uma adesão significativa nos dois movimentos por parte da categoria. Foram 26 plataformas no primeiro movimento e 38 plataformas no segundo. Os indicativos e as datas são informados no site do Sindipetro NF, num dia qualquer, a qualquer hora, por isso a categoria tem que ficar ligada.
Os petroleiros estão apoiando essa nova forma de mobilização?
Em nossas palestras nos aeroportos (durante embarques e desembarques das plataformas) e no terminal de Cabiúnas, informamos à categoria sobre a importância de fazerem contato com a direção do sindicato e acompanhar os nossos informativos. Isso tem sido feito. É só verificar a adesão das unidades nas mobilizações. Cabe ainda ressaltar, que, para que movimentos surpresas possam ser realizados, é necessário ter uma interação muito grande entre a direção e a categoria.
E em relação ao acordo coletivo? Como está a expectativa da categoria na Bacia?
Quem discute cláusulas sociais, econômicas e ainda luta pelo cancelamento de 89 punições arbitrárias ocorridas no NF tem que estar com disposição de luta elevada. E eu não tenho dúvidas de que vamos conquistar os nossos objetivos. A categoria petroleira tem um histórico de lutar por novas conquistas e ampliação e consolidação de direitos em nosso Acordos Coletivos. Não vamos aceitar que as punições sejam utilizadas como moeda de troca nas discussões do acordo. Estamos fazendo a luta com inteligência e disposição.
Que medidas o sindicato tomou em relação às punições aplicadas pela Petrobrás contra os trabalhadores que fizeram a greve de março?
Cabe ressaltar que as punições foram arbitrárias, aplicadas 4 meses após a greve, consolidada em um grupo de trabalho que sequer ouviu os trabalhadores e partiu de premissas falsas como antecipação da greve. Quem antecipou a greve foi a Petrobrás embarcando os pelegos dois dias antes do movimento, bem como cortando as comunicações entre as plataformas. Em todo o tempo, o sindicato buscou pacificar as relações entre os trabalhadores, e após a greve a empresa se fechou. Também fizemos gestões junto ao Ministério do Trabalho, através do ministro Carlos Luppi, e também nos reunimos com o ministro Luiz Dulci. Mas nada é mais importante do que a decisão da categoria de que com punição não tem acordo. A I PLENAFUP definiu que “MEXEU COM MEU COMPANHEIRO MEXEU COMIGO” e as assembléias referendaram. Essa é a maior ação do sindicato e da FUP: a solidariedade da categoria.
Se a Petrobrás mantiver as punições, não haverá assinatura de acordo. Você acredita que a empresa irá corrigir essa arbitrariedade?
Espero que sim. A Petrobrás do governo LULA não pode ser igual a dos governos autoritários passados. O governo LULA é da anistia e não da punição. No entanto, se a empresa insistir nas punições, além de não ter assinatura de Acordo Coletivo, outras ações serão tomadas, que serão divulgadas na hora certa.