O coordenador da juventude da FEM-CUT fala sobre a atual participação dos jovens na vida sindical







Os motivos da pouca participação do jovem na atividade e vida sindical são abordados na entrevista publicada originalmente no Portal dos Metalúrgicos do ABC Paulista, com Wellington Messias Damasceno, coordenador da juventude da FEM-CUT (Federação dos Sindicatos dos Metalúrgicos) e membro da Comissão de Fábrica na Volks.

O assunto é tema do 2º Encontro da Juventude Metalúrgica de São Paulo, que a Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT realiza nesta sexta-feira e sábado em São Bernardo.

Como o jovem participa do sindicato?
A participação ainda é tímida, mas tem melhorado. Em atividades como mobilizações de rua e assembleias temos percebido a presença um número cada vez mais expressivo de jovens.

Mas ele não está na organização ou próximo do cotidiano sindical?
É exatamente na organização que sentimos a sua falta e esse é o objeto do nosso encontro deste final de semana. Uma série de fatores não estimulam o jovem a participar da organização no local de trabalho e sindical. Um fator é por ser novo no ambiente de trabalho o que o inibe, outro é ainda uma certa resistência das direções sindicais se abrir à sua participação. Outro fator é o desestímulo que o jovem sofre de colegas.

O que falta aos sindicatos para atrair a juventude?
Acho que os sindicatos precisam mudar um pouco sua imagem para este público. A experiência do campeonato de vídeo games em andamento em nossa categoria, é um jeito de mudar a imagem. Nas fábricas nas quais têm organização no local de trabalho a nossa aproximação do jovem é facilitada. Nas que não há, o jovem não se sente integrado pela atividade sindical.

Os pais passam suas experiências sindicais aos seus filhos?
Passam! Tanto que muitos nos recontam essas experiências e histórias.

Mas há um movimento contrário também, não?
Existe! Muitos jovens não têm uma tradição operária familiar. Outros não participam porque seus pais acham que não devem participar. E, por fim, muitos são filhos de chefes. Jovens com esses perfis são os mais difíceis de serem abordados.

O jovem é metalúrgico ou está metalúrgico?
Ele está metalúrgico. Trabalhar numa fábrica, mesmo sendo a concretização de um sonho, perde o encanto quando o trabalhador pega no linhão (linha de montagem) às seis da manhã e três anos depois começa a sentir as dores de sua limitação física. Em gerações anteriores o desejo do trabalhador era de se aposentar na função ou em determinada fábrica.

E a relação do jovem entre sindicato e ascensão profissional?
Essa é outra dificuldade da aproximação do jovem com o sindicato. Porque ele estaria disposto a, pela luta sindical, mudar determinada condição de trabalho se seu objetivo é deixar aquele ambiente  e ir para outro setor ou mesmo ir para outro emprego? O sindicato também deixa de ser interessante à medida que o trabalhador jovem se forma no terceiro grau, na pós graduação e tem ambições na empresa na qual trabalha ou em disputar postos em outras empresas.