O coordenador da juventude cutista avalia a participação da CUT na 1ª Conferência Nacional da Juventude


Após a realização da 1ª Conferência Nacional da Juventude, de 27 a 30 de abril, que reuniu cerca de 2 mil pessoas, o Portal do Mundo do Trabalho conversou com o coordenador do Coletivo Nacional da Juventude/CUT, Adriano Soares da Silva.

Leia abaixo a entrevista em que o coordenador analisa a atividade, destaca seus principais avanços e reafirma a importância da participação da CUT e dos jovens na construção de políticas públicas para a juventude. 

Qual a sua avaliação geral sobre a 1ª Conferência Nacional da Juventude?

Adriano – Essa 1ª Conferência foi extremamente positiva devido sua representatividade por permitir a discussão de forma estruturada com a participação das esferas municipais, regionais e estaduais. Essa metodologia enriqueceu o debate por trazer contribuições de vários setores e municípios que gerou um confronto de idéias – e isso foi muito rico. Outro ponto positivo foi o consenso de várias entidades representativas sobre o tema.

E o qual o papel do conselho no processo?

Adriano – O Conselho apesar de fazer parte do processo tem suas particularidades as quais discordamos. Ele funciona por meio de indicação e ao nosso ver isso prejudica o seu andamento porque ele faz parte da discussão de políticas públicas mas não participa dos projetos de juventude que são elaborados pelo governo federal. Temos que entender que ele é ligado à secretaria-geral da Presidência da República, porém, não influencia em nada – ele é totalmente consultivo. Em nossa opinião o conselho deveria ter total liberdade para fazer as alterações que julgasse necessária. Quando o projeto chega ao conselho ele já chega sem a possibilidade de mudanças. Por isso, acreditamos que as eleições diretas seria a melhor forma de resolver esse problema.

Como foi a participação da CUT na Conferência?

Adriano – Apesar de ter trabalhos voltados para juventude há 10 anos – somente em 2000 foi constituído de fato o coletivo da juventude. O que percebemos foi uma respeitabilidade por parte das entidades devida sua história e isso aglutinou vários movimentos sociais em torno de nossa pauta que foram aprovadas. Então, tivemos participação efetiva praticamente em todas as propostas da conferência. E mais, conseguimos fazer com que a Fetraf, Contag e MST votassem juntas em mesma proposta, quebrando o paradigma de divisões sobre alguns temas. Além disso, fomos chamados para fazer parte da coordenação do Fórum Nacional dos Movimentos Sociais Juvenis.

De que forma esta Conferência poderá ajudar na construção de políticas públicas?

Adriano – A Conferência foi um espaço importante aberto pelo governo federal que permitiu que políticas públicas para juventude fossem discutidas em nível nacional. E mais, ela propiciou uma troca de informações entre várias instituições de diversos estados que têm acúmulo nesta área. Portanto, ela fortaleceu esse debate que já vinha sendo construído com a participação de algumas entidades, e com a conferência foi possível aglutinar mais entidades.

Quais foram os encaminhamentos?

Adriano – Tiramos os seguintes encaminhamentos:

1)     Distribuição de um CD com fotos, documentos aprovados e apresentados na Conferência. Ele poderá contribuir para reforçar a organização nos estados e ramos, ao divulgarmos para nossa base e direções que o investimento no setor é estratégico para fortalecer a CUT.

2)     Lançamento do livro Juventudes em Debate: Sindicalismo e mercado de trabalho nos estados, de forma a contribuir para reforçar nossa organização, formação e visibilidade nos estados. Isso é uma demanda colocada por jovens sindicalistas, parlamentares e participantes de movimentos juvenis de vários estados. Ou seja, o lançamento extrapolará a participação de jovens que estão no mercado de trabalho e reforçará a relação iniciada com os demais movimentos sociais.

3)     Publicar orientações para a participação da juventude nas plenárias estaduais. Dentre os itens dessa orientação, pode-se constar à realização de reuniões de jovens delegados(as) das plenárias e o próprio lançamento do livro da juventude.

4)     Realizar plenária com os(as) delegados(as) jovens na plenária nacional.

5)     Coletamos e-mails dos(as) jovens participantes da conferência que visitaram nosso stand. Organizaremos um banco de dados para divulgarmos informações da juventude trabalhadora.

6)     Organizar nossa participação no Fórum Nacional de Movimentos e Organizações de Juventude – para o qual fomos convidados a compor a coordenação nacional -, priorizando a realização de uma plenária nacional prevista para o Fórum Social Mundial, em Belém 2009.

7)     Realizaremos a próxima reunião do coletivo nacional dias 5 e 6 de junho, para organizarmos os próximos espaços e temas definidos como nossa prioridade.


Entre as propostas aprovadas, quais merecem maior destaque?

Adriano – Aprovamos as principais bandeiras que foram definidas por nossa direção: redução da jornada de trabalho, acesso a terra e reforma agrária, legalização do aborto, contra a redução da maioridade penal, vinculação de 10% do PIB para a educação – todas  propostas chaves que a CUT vem debatendo há muito tempo e que conseguimos colocar como pauta para a juventude também.

Quais os desafios a serem vencidos para a construção de políticas públicas?

Adriano – Se a CUT já tinha uma responsabilidade na formulação dessas propostas com a Conferência aumentou. Considero como principal desafio à criação dos conselhos nas três esferas do governo municipal, estadual e federal e com participação de entidades que de fato representam a juventude e têm acúmulo.