O Brasil de Lula sai bem na foto


Manchete do portal Globo.com:
 
"Obama diz que Lula é o político mais popular da Terra"

Diz a nota:

"Obama troca um aperto de mãos com o presidente brasileiro, olha pra o
primeiro ministro da Austrália, Kevin Rudd, e diz, apontando para Lula:
"Esse é o cara! Eu adoro esse cara!" Em seguida, enquanto Lula cumprimenta Rudd, Obama diz, novamente apontando para Lula: "Esse é o político mais popular da Terra". Rudd aproveita a deixa e diz: "O mais popular político de longo mandato". "É porque ele é boa pinta…’, acrescenta Obama.

Para quem duvidar, a cena aparece em vídeo gravado pela BBC.

Na foto dos 31 líderes mundiais reunidos quarta-feira no encontro ampliado
do G20 em Londres para decidir os novos rumos do planeta diante da crise, o
presidente Lula aparece sentado, sorridente ao lado da rainha Elizabeth 2ª e
do anfitrião, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown.
Atrás dele, em pé, com o mesmo sorriso franco, está o homem mais poderoso do
mundo, Barack Obama, o presidente dos Estados Unidos, que deixou o Clóvis
Rossi tão encantado durante uma entrevista que nem falou da foto em sua
coluna.

Pode parecer um detalhe banal, tanto que a foto não está nem na primeira
página da Folha, o jornal que assino e leio no café da manhã. Também não se
faz, nos caudalosos textos das páginas internas, qualquer referência à
posição privilegiada do nosso presidente na foto oficial.

Quais foram os critérios? Quem determinou onde ficaria cada um dos líderes?
Gostaria de saber. Será que não havia nenhum repórter lá quando este time
dos donos do poder mundial se ajeitou e posou para a fotografia?

Trata-se de uma imagem emblemática sobre a nova posição que o Brasil ocupa
no mundo, pois até pouco tempo atrás não era tão comum o nosso país
participar de reuniões deste porte, muito menos o presidente brasileiro sair
tão bem na foto, cheio de graça e moral.

"Para um torneiro-mecânico até que está bom demais…", eu costumava brincar
com ele quando o acompanhava a estas reuniões nos dois primeiros anos de
governo. Até para o próprio Lula, acho que tudo isso já virou rotina e nem
lhe chama mais a atenção.

Mais importante do que a imagem, porém, é a nova atitude da delegação
brasileira nestes encontros. Ao invés de ir lá mendigar ajuda ao FMI para
não quebrar, agora o Brasil toma a iniciativa de propor uma reforma deste
organismo multilateral _ e se propõe a ajudar os países mais pobres.
"Vamos falar de igual para igual. Se for necessário colocar dinheiro como
empréstimo, desde que não diminua nossas reservas, não tem problema. O
Brasil não vai agir como se fosse um paisinho pequeno sem importância",
avisou Lula na entrevista que concedeu na viagem de trem até Londres, depois
de almoçar com o presidente francês Nicolas Sarkosy, em Paris.

Ele agora pode falar isso porque o Brasil durante seu governo não só zerou a
famigerada dívida externa como tem hoje mais de 200 bilhões de dólares em
reservas internacionais.

Em seis anos e três meses de governo, o antigo líder sindical mudou a cara
do Brasil lá fora e é recebido e respeitado pelos principais líderes
mundiais como um igual. Hoje à tarde, por exemplo, terá um encontro
bilateral solicitado pelo presidente da China, Hu Jintao.

Lula, de fato, não precisa ler os jornais brasileiros para saber o que
pensam os homens que decidem os destinos da economia mundial. Fala
diretamente com eles e por eles é ouvido como jamais aconteceu antes com
qualquer outro presidente brasileiro.

Sei que alguns leitores vão se sentir injuriados e pessoalmente ofendidos
com o texto acima. Mas estes são os fatos, meus caros amigos, não há mais
como negar. E me sinto muito feliz por poder relatá-los a vocês, ao
contrário de alguns colegas que insistem em esconder a realidade.

Texto publicado originalmente no blog de Ricardo Kotscho no portal IG