Ela é concreta e forte
Reconhecemos que a atual crise capitalista é real, forte e atinge todas as cadeias produtivas do mundo, criando um cenário de muitas incertezas.
Além disso, também valorizamos as ações do Governo Lula que diferentemente do seu discurso inicial, também agora a reconhece e realiza algumas importantes decisões – mesmo com algumas limitações, como não baixar as taxas de juros – mobilizando e estimulando a intervenção pública como esforço para manter os atuais padrões do crescimento econômico brasileiro.
Reforçarmos a concepção daqueles que compreendem as empresas estatais como a Petrobras, como instrumentos de fomento e de salvaguardas dos interesses nacionais.
A tentativa de emplacar velhas fórmulas
Entretanto, também registramos algumas antigas formulações neoliberais que a crise possibilita surgir como um pretenso caminho a sua superação. Não a toa propostas como a suspensão dos contratos dos trabalhadores e trabalhadoras, redução da jornada de trabalho com redução salarial, flexibilização ainda maior das relações de trabalho, ganham notoriedade midiática.
Além disso, o Governo, ao socorrer algumas cadeias produtivas com largo alcance sobre o nível do emprego no Brasil (metalúrgica, construção civil e automobilística), não está exigindo contrapartidas a esses segmentos, como a manutenção do emprego e da renda. Ao contrário, vemos empresas receberem aportes do Governo e em contrapartida promovem PIDV’s e “férias” coletivas.
Vítimas é que somos
Os capitalistas e seus aliados se aproveitam da situação atual para chantagear o povo, criando um clima que agora é hora para sacrifícios e em que os trabalhadores têm que se submeterem ainda a mais perdas, transferindo, dessa forma, o ônus de uma crise que não nos pertence. Pelo contrário, somos as suas maiores vítimas. Infelizmente, esse mesmo clima vem sendo desenvolvido pela gestão da Petrobras.
Reengenharia política, de novo?
Dentro desse contexto político-econômico vem ganhando força dentro da Petrobras idéias que remontam a famigerada qualidade total, uma fracassada concepção que tentou transformar a classe petroleira submissa a meros “colaboradores” da ordem vigente.
Com o advento da crise, a empresa começou a pavimentar um caminho que possibilitasse criar entre nós um senso comum sobre ela, e de tal maneira que, recebêssemos quaisquer amargos remédios para sua suposta superação de forma acrítica e silenciosa. Está em curso o velho paradigma empresarial clássico: a ordem do dia é reduzir custo.
Não queremos com isso negar que qualquer gestão busque melhorias em seus processos produtivos, faz parte do esmero consciente, principalmente nos trabalhadores e nas trabalhadoras, essa compreensão. No entanto, o que não podemos admitir é que alguns “esforços inventivos” atinjam nossos direitos e/ou descumpram acordos e/ou entendimento formalizados.
Adiantamento da PLR como primeira experiência?
Desde o ano passado que nós da FUP cobrávamos da empresa a data do pagamento do adiantamento da PLR 2008 para janeiro deste ano, mas sua resposta inicial foi o silêncio, obedecendo a sua tática de construção do senso comum supracitada. No dia 19/12/2008, o conselho de administração da empresa aprovou a distribuição antecipada de remuneração aos acionistas, ficando a data do pagamento a ser definida somente no dia 08/04/2009.
Essa posição do conselho foi a nova peça utilizada pela empresa na sua tática de tentar ir criando um fato incontornável, um sacrifício inevitável à categoria. A Petrobras se refugiou numa resolução governamental e não teve a coragem de anunciar abertamente o que não quer cumprir, preferindo se esconder através do discurso fácil sobre a conjuntura em curso.
Reafirmamos que revisar processos e procedimentos faz parte de uma gestão, mas por que será que sempre a redução dos custos recai sobre a força de trabalho? Todos nós sabemos das insuficiências gerencias e processuais e das gorduras delas decorrentes.
E agora?
Contrapor-se a essa posição da Petrobras não é desconhecer a complexa e nova realidade em curso, entretanto o que não concordamos é que a empresa sequer dialogou com a FUP e Sindicatos em busca de alternativas, mas limitou-se a nos convocar e informar sobre decisões previamente tomadas.
Diante desse quadro opinamos que devemos construir uma agenda mobilizadora nacional, pautada no cumprimento do pagamento do adiantamento da PLR 2008 e na defesa da vida no sistema Petrobras, concentrada no dia 15/01/2009, data que a diretoria executiva da Petrobras se reúne ordinariamente em sua sede central.
A ausência de uma resposta política a altura pode abrir caminhos para novos retrocessos e criarmos dificuldades ainda maiores para nossas velhas e novas demandas.
Mãos a obra companheiras e companheiros!