O número de trabalhadores filiados a sindicatos no país cresceu 13% de abril a dezembro…
O número de trabalhadores filiados a sindicatos no país cresceu 13% de abril a dezembro do ano passado, passando de 4,285 milhões para 4,838 milhões. Segundo o último levantamento do Ministério do Trabalho (MTE), 553.362 trabalhadores se associaram a entidades sindicais nesse período de apenas oito meses.
A expansão da sindicalização é reflexo, sobretudo, do aumento no número de empregos com carteira assinada — 1,452 milhão de vagas foram abertas no Brasil em 2008. “É significativo esse aumento de meio milhão de trabalhadores no número de sindicalizados constatado pelo MTE. Como a atividade econômica estava aquecida, o trabalhador teve renda para bancar sua filiação e contribuir pagando a mensalidade a um sindicato”, opina Clemente Gaz Lúcio, diretor-técnico do Dieese.
No levantamento do ministério, o número de sindicatos independentes (sem filiação) caiu no período avaliado — de 4.170 para 3.675. Só a CUT (Central Única dos Trabalhadores) teve sob sua representatividade 244 mil novos trabalhadores filiados, além de 54 sindicatos a mais. Com a Força Sindical, ocorre o fenômeno inverso — uma adesão mais expressiva de entidades (206) do que de trabalhadores (105,5 mil).
Critérios
Para chegar ao número de 4,838 milhões de trabalhadores sindicalizados, o Ministério do Trabalho considerou as informações enviadas pelos sindicatos que se cadastraram no CNAES (Cadastro Nacional de Entidades Sindicais) por meio de um sistema informatizado, disponível no site do MTE. Esses sindicatos representam cerca de 19,728 milhões de trabalhadores. Na etapa seguinte, os sindicatos enviaram documentação comprovando as informações declaradas para que o MTE pudesse auferir esses dados.
O número de sindicalizados no Brasil equivale a 25% do total de trabalhadores que estão na base total dos 19,7 milhões de empregados representados pelas centrais sindicais — mas não necessariamente filiados a um sindicato. Para Dari Krein, pesquisador e professor da Unicamp, a ampliação do número de sindicalizados no país é ”positiva” — principalmente ”no momento de crise que estamos vivendo”.
Krein faz contundente elogio ao papel das entidades: “São as centrais que apresentam mais condições de colocar em debate na sociedade as questões de interesse dos trabalhadores e de pressionar os governos para adotar medidas de enfrentamento da crise com garantia do crescimento econômico e de implementação de um conjunto de iniciativas que possam solucionar os problemas sociais”.
Centrais legalizadas
Além da sindicalização em alta, 2008 foi também o ano da legalização das centrais sindicais. Uma vez reconhecidas juridicamente, as centrais ganharam estatura para filiar mais sindicatos e estender sua representatividade. Ao serem legalizadas, essas entidades passaram, de quebra, a receber uma fatia do imposto sindical — o equivalente a um dia de salário de todos os trabalhadores.
Luiz Antonio de Medeiros Neto, secretário de Relações do Trabalho, diz que a tendência é que o número de sindicalizados aumente. ”Como as centrais foram reconhecidas e são ouvidas nas decisões do Ministério do Trabalho, os sindicatos buscam se abrigar nas centrais para ter mais voz.”
As centrais legalizadas pelo Ministério do Trabalho foram CUT, Força Sindical, CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), UGT (União Geral dos Trabalhadores), NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores) e CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil).