A submissão e servidão cega se tornaram requisitos obrigatórios para quem almeja um cargo de supervisor, coordenador ou gerente setorial na Repar, em detrimento do conhecimento técnico e desempenho da profissão.
A aplicação dessa lógica inversa faz com que a figura do líder perca espaço e dê lugar ao popular “chefete” da vez. Isso traz como consequência o uso de cargos como forma de barganha para cooptar trabalhadores a abandonarem princípios éticos. O resultado imediato é a participação nos contingentes pelegos a serviço da empresa e, mais recentemente, a aceitação do famigerado O&M (Organização e Método para Dimensionamento do Efetivo na Operação). Tudo isso causa graves prejuízos à ambiência, com constantes conflitos.
Tais fatos acontecem em todos os regimes de trabalho, porém no turno ininterrupto de revezamento o mercadão de cargos é mais frequente. Nem mesmo a coordenação de turno, outrora um posto de referencial técnico, escapou dessa prática. Pelo contrário, tornou-se o grande prêmio a quem coopera para a criação e implementação das piores práticas de gestão, ou ainda assina ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) de conteúdo duvidoso.
Nesse escopo, as novas chefias promovidas nesse sistema têm adotado a truculência como Benchmarking de gestão na Repar, a ponto de virar referência no não pagamento de horas extras, empecilhos para trocas e dobras, (des)regramento de marcação de férias, tratamento desigual de ponto, mudanças de grupo sem negociação, perseguições e punições, entre outros.
Um caso exponencial recente é o do supervisor do grupo 1 do Coque, que quis impor modelo de gestão próprio ao técnico de operação (TO) em dobra. Rege o bom senso que quem escolhe o local de dobra é sempre o trabalhador em jornada ampliada por uma série de razões, mas principalmente pelo cansaço do operador, que trabalhará por 16 horas seguidas, a fim de evitar uma área na qual terá mais intervenções. Além disso, decidiu por antecipar certificação de técnicos em mudança de unidade, contrariando os procedimentos vigentes, até mesmo a NR-13.
Nos setores de TE (Transferência e Estocagem) e QP (Qualidade de Produtos) a antecipação de treinamento veio em forma de ameaça: ou o trabalhador se diz treinado ou migrará do turno para o horário administrativo.
O Sindicato tem tratado dessas questões recorrentes com o RH e gerência de produção, porém sem sucesso. A desculpa usual dos gestores na mesa de negociação é que são casos pontuais que serão acertados, porém a realidade é que o abuso de autoridade se tornou generalizado.
Nesse contexto, é necessário ter a postura mais incisiva e contundente na identificação e denúncia dessa estrutura, bem como combater quem se aproveita do momento para aplicar uma espécie de laboratório de maldades nas unidades, provocando insegurança, discriminação e descontentamento geral em troca de cargos ou vantagens.
A construção de melhores condições de trabalho e um ambiente mais seguro e harmonioso tem sido foco da representação sindical em reuniões de pauta local, comissão de SMS, participação em CIPA e comissões de investigação de acidentes. No entanto, cabe à categoria debater e incorporar outro modelo de atuação com relação aos abusos de gestão.
Em tempo 1: para toda regra há exceção e por óbvio existem exemplos de bons gestores que ainda são vistos como lideranças e referenciais técnicos dentro da Repar. Todavia, cada vez em menor número. É preciso esses bons quadros se coloquem contra o que está em curso ou serão vitimados pela cumplicidade a alguma ocorrência mais grave, ou ainda pela perda do seu cargo por inadequação.
Em tempo 2: Em resposta aos questionamentos da categoria no Portal da Petrobras sobre o caso João Elek, Pedro Parente fez mais uma cartinha na qual diz que o trabalhador deve “sentir-se à vontade para apresentar divergência na relação com as respectivas chefias”. Tal fala revela um distanciamento abissal de Parente com a realidade da ambiência nas unidades da Petrobrás.
Fonte: Sindipetro-PR/SC