Parceiro histórico do MST, o Sindipetro-NF celebra o anúncio, feito pelo governo federal, de que as terras da antiga Usina Cambaíba serão finalmente destinadas à Reforma Agrária, com a transformação do atual acampamento Cícero Guedes em assentamento. Como noticiado pela jornalista Flávia Oliveira, em sua coluna no jornal O Globo, no último dia 18, trata-se de uma “reparação histórica”.
“O governo destinará à reforma agrária um dos mais simbólicos territórios de violência política da ditadura militar no Rio de Janeiro. A Usina Campahyba, em Campos dos Goytacazes será formalizada como assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Nos fornos da unidade, os corpos de ao menos 12 vítimas do regime foram incinerados nos anos 1970”, informou a jornalista.
Quem também utilizou a expressão “reparação histórica” para dimensionar a conquista foi a deputada estadual Marina do MST (PT), uma das maiores lideranças do movimento no estado e que participou das ocupações que deram origem aos acampamentos no local — inicialmente Luiz Maranhão, atualmente Cícero Guedes.
“O estado brasileiro está buscando fazer uma reparação histórica com a classe trabalhadores, com lutadores , com a democracia no nosso país, passando aqui pelo nosso estado do Rio de Janeiro, que é a realização do assentamento nas terras da Cambaíba, com o Assentamento Cícero Guedes, isso é uma conquista do estado brasileiro, da democracia brasileira”, afirmou a parlamentar.
O anúncio foi feito no último dia 17, em Brasília, na cerimônia de posse dos integrantes do recriado Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável, pela secretária de Diálogos Sociais da Secretaria-Geral da Presidência, Kelli Mafort.
O Sindipetro-NF participa no Norte Fluminense junto ao MST desde as primeiras ocupações na região. A primeira delas deu origem ao assentamento Zumbi dos Palmares, nas terras que pertenceram à antiga usina São João, em Campos dos Goytacazes. Nele, morava em um lote o líder Cícero Guedes, no sítio “Brava Gente”. E mesmo já tendo conquistado o seu pedaço de chão, mantinha-se na luta por terras para os seus companheiros, como no caso de Cambaíba. Cícero foi assassinado em janeiro de 2013.
Na época, o Departamento de Comunicação do Sindipetro-NF lançou o documentário “Forró em Cambaíba”, que registra a ocupação de 2012, as confissões do ex-delegado do DOPs, Cláudio Guerra (sobre a incineração de cadáveres de presos políticos nos fornos da usina), e o assassinato de Cícero Guedes.
[Da imprensa do Sindipetro NF]