No Senado, o script do golpe. Do lado de fora, resistência

 

Na luta contra o golpe que começa a ter o seu desfecho nesta segunda-feira, 29,  o Ginásio Nilson Nelson, em Brasília, se transformou, mais uma vez, numa trincheira de resistência, dos que defendem o Estado Democrático de Direito.

Assim como aconteceu com a votação na Câmara dos Deputados Federais, que acolheu a denúncia que deu origem ao processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, milhares de pessoas de várias partes do Brasil ocuparam o estádio em um grande Acampamento pela Democracia.

São trabalhadoras e trabalhadores do campo e da cidade,  lideranças sindicais, estudantes e militantes de diversos movimentos sociais. 

Os petroleiros da FUP e de seus sindicatos, mais uma vez, estão presentes, resistindo ao maior ataque à democracia que esse país já viu, desde o regime militar.

Enquanto a farsa do impeachment vai se consumando dentro do Senado, onde um cada três senadores é acusado de prática criminosa, do lado de fora, trabalhadores e movimentos sociais se manifestam, indignados, exigindo respeito à democracia e aos 54 milhões de votos que elegeram a presidenta Dilma.

Recepcionada com flores por um grupo de mulheres em sua chegada nesta segunda ao Senado, Dilma está desde a manhã sendo inquirida e se defendendo de um crime que não cometeu. E pior, tendo como algozes senadores que são acusados ou suspeitos de práticas criminosas como corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, peculato, crimes eleitorais e de responsabilidade fiscal. Dos 81 senadores, 21 devem explicações à Justiça, segundo levantamento do Congresso em Foco.

“Não luto pelo meu mandato por vaidade ou por apego ao poder, como é próprio dos que não tem caráter, princípios ou utopias a conquistar. Luto pela democracia, pela verdade e pela justiça”, declarou a presidenta em seu depoimento, 

Ela condenou a entrega do Pré-Sal e os ataques aos direitos trabalhistas e às conquistas sociais que estão no rastro do golpe.  

“O que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos: os ganhos da população, das pessoas mais pobres e da classe média; a proteção às crianças; os jovens chegando às universidades e às escolas técnicas; a valorização do salário mínimo; os médicos atendendo a população; a realização do sonho da casa própria. O que está em jogo é o investimento em obras para garantir a convivência com a seca no semiárido, é a conclusão do sonhado e esperado projeto de integração do São Francisco. O que está em jogo é, também, a grande descoberta do Brasil, o pré-sal. O que está em jogo é a inserção soberana de nosso País no cenário internacional, pautada pela ética e pela busca de interesses comuns. O que está em jogo é a auto-estima dos brasileiros e brasileiras, que resistiram aos ataques dos pessimistas de plantão à capacidade do País de realizar, com sucesso, a Copa do Mundo e as Olimpíadas e Paraolimpíadas”, reiterou a presidenta.

Petroleiros participam de ato político 

Do lado de fora do Senado, os trabalhadores seguem mobilizados e farão um grande ato político a partir das 18h, com participação do ex-presidente Lula.

Outras manifestações estão previstas para esta segunda em várias capitais do país.

“Vamos lutar pela manutenção da democracia em nosso país até o último momento. Não temos o direito de sucumbir a esse golpe e deixar que acabem com uma democracia tão jovem, que foi construída com a luta e a vida de muitos brasileiros. Os petroleiros mais uma vez se fazem presentes aqui, como sempre estivemos nas principais lutas pela redemocratização do nosso país. Continuaremos na trincheira, resistindo ao golpe”, afirma o coordenador da FUP, José Maria Rangel.

Os dirigentes sindicatis petroleiros permanecerão em Brasília até quarta-feira, 31, quando será realizado na capital do país a reunião do Conselho Deliberativo da FUP, que traçará os próximos passos das lutas da categoria frente ao cenário político atual.

Fonte: FUP