O golpe parlamentar realizado por uma aliança de políticos corruptos contra uma presidente honesta, Dilma Rousseff, mergulhou o Brasil em sua maior recessão econômica, produzindo uma retração de 7,4% do PIB nos últimos dois anos, e desempregando 12,6 milhões de pessoas.
A consequência direta deste fenômeno foi o aumento da desigualdade. Em 2016, foi registrado o primeiro aumento da disparidade da renda familiar per capita no País, depois de 22 anos de redução. É o que mostra o índice de Gini, medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) Social.
O indicador — que varia de zero a um e que, quanto mais perto de zero estiver, mais igual é a sociedade — chegou a 0,5229 no ano passado, alta de 1,6% em relação ao ano anterior. Com o resultado, o Brasil voltou três anos no tempo e anulou a redução da desigualdade registrada em 2014 e 2015.
Segundo o economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o aumento na desigualdade registrado no ano passado preocupa principalmente porque o bolo a ser dividido não só encolheu, mas murchou para os mais pobres.
” Estamos andando para trás em justiça social. Em 2015, apesar de o índice de Gini ter ficado estável, a renda dos 5% mais pobres já havia caído 14%, e a pobreza, aumentado 19,3%. O resultado de 2016 penalizando este grupo novamente é uma desgraça. Se os mais pobres estão perdendo mais, as empresas vendem menos. A queda do consumo é mais forte quando a desigualdade aumenta. Programas voltados aos mais pobres, como o Bolsa Família, têm um impacto multiplicador sobre a demanda da economia três vezes maior que o da Previdência ou o do FGTS”, afirma Neri.
Ignorando todos os indicadores que mostram o abismo em que o Brasil foi jogado com o golpe parlamentar de 2016, o governo de Michel Temer tenta avançar com uma agenda de “reformas”, como a da Previdência e a trabalhista, que tendem a agravar ainda mais o quadro de desigualdade no País.
VIA Brasil 247