Morte de operador da REMAN provocou atos da categoria em todo país. Estatísticas são alarmantes: um petroleiro morre a cada 20 dias na Petrobrás
O falecimento de mais um companheiro de trabalho a serviço da Petrobrás foi motivo de mobilizações dos petroleiros em todo país. O jovem operador Antonio Rafael Santana tinha apenas 26 anos e uma vida toda pela frente, cheia de sonhos e oportunidades, mas que infelizmente foi interrompida brutalmente por causa do menosprezo da companhia em relação à segurança de seus funcionários.
Uma explosão na área de ETDI da Refinaria de Manaus (Reman) no último sábado (16) não deu chance alguma de defesa ao operador, que teve cerca de 75% do corpo queimado. Santana lutou bravamente pela vida durante quatro dias, mas não resistiu aos graves ferimentos e faleceu no início da tarde de quarta-feira (20).
Para a categoria, a morte no trabalho é algo inaceitável e por isso nesta sexta-feira (22) os petroleiros pararam para refletir sobre as condições de segurança na Petrobrás e lutar para impedir que outros acidentes ceifem vidas. Na Repar e Fafen-PR, em Araucária, os trabalhadores atrasaram em 02h30 a entrada do turno e administrativo. No Terminal Transpetro de São Francisco do Sul (Tefran), em Santa Catarina, acontece um Bate Papo Sindical no horário do almoço para prestar homenagens póstumas ao companheiro da Reman. Já no Terminal Transpetro de Paranaguá (Tepar) está previsto um Bate Papo para a próxima segunda-feira (25), no intervalo do almoço, com petroleiros próprios e terceirizados, onde a morte do companheiro Antonio será lembrada e haverá debate sobre saúde e segurança.
As estatísticas de acidentes fatais no Sistema Petrobrás são alarmantes. Desde 1995, a empresa contabiliza 335 mortes, sendo 62 de trabalhadores próprios e 273 de terceirizados. Em suma, um petroleiro morre a cada 20 dias na empresa. Uma evidência que a companhia terceiriza os riscos, mas que ninguém está a salvo da política predatória da Petrobrás, cujo objetivo maior é o lucro a partir de uma produtividade estafante.
Segurança não é prioridade e a vida é tratada com desdém. Efetivos reduzidos, baixíssimos investimentos em manutenção e até falta de EPI’s são as provas concretas que condenam a Petrobrás. Porém, para a companhia tudo isso se traduz em apenas uma sigla: PROCOP (Programa de Otimização de Custos Operacionais), que a bem da verdade não passa da máscara do assassino.
Um acidente jamais será uma fatalidade. Acidentes são eventos socialmente construídos e, portanto, perfeitamente evitáveis. A morte de Santana não foi o único fatídico acontecimento dentro da empresa. Uma série de acidentes foi registrada nos últimos dias e coloca mais uma vez a política de (in)segurança da Petrobrás em xeque. Apenas na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc) foram quatro. Já na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão-SP, um operador teve cerca de 20% do corpo queimado na última terça-feira (19) durante procedimento de LIBRA.
A postura da Petrobrás em relação à segurança revela um escárnio. Procedimentaliza ao máximo e investe o mínimo. Protegida pelos procedimentos, fica fácil culpar trabalhadores pelos acidentes, que na visão da empresa se tornam vítimas de suas próprias ações. Assim, permanece isenta da responsabilidade até a próxima tragédia de grandes proporções, que não há procedimento que sirva como escudo.
Lembraremos das vítimas em respeito aos companheiros tombados no trabalho e lutaremos para nunca mais acontecer! Antonio Rafael Santana, presente!