No Dia Internacional da Água, nesta quinta-feira, 22 de março, milhares de pessoas participaram da Marcha em Defesa das Águas pelas ruas de Brasília. O ato foi organizado pelo Fórum Alternativo Mundial da Água (Fama), que reuniu diversos movimentos sociais em um evento paralelo ao Fórum Mundial da Água.
Por volta das 5h30 da manhã, militantes organizados em movimentos populares ocuparam o parque industrial da Coca-Cola, em Samambaia, nos arredores de Brasília para denunciar a ação da multinacional na tentativa de espoliar os bens naturais do país, particularmente as águas.
O protesto, que teve duração de 30 minutos e paralisou a produção, denunciou o caráter mercantilista do 8º Fórum Mundial da Água, em Brasília, que se encerra nesta sexta-feira (23). A programação alternativa chamou a atenção para a falta de independência, representatividade e legitimidade do conselho organizador do evento oficial, “por estar comprometido com empresas que têm como objetivo a mercantilização da água. Isso significa um conflito intransponível entre interesses econômicos e o direito fundamental e inalienável à água, bem comum da humanidade e de todos os seres vivos”.
Está na mira prioritária de Nestlé, Coca-Cola, Danone e outras empresas de capital internacional os maiores aquíferos do planeta, grandes reservas de água doce localizadas no Brasil. Nas semanas anteriores ao evento da ONU com as corporações, já houve menção no Congresso brasileiro de quantificar o preço do maior deles, o Aquífero Guarani.
“No Brasil, quem realmente cuida da água é o povo indígena e quilombola. E no Fórum Mundial da Água, fomos excluídos. Quem está lá são justamente os empresários responsáveis por poluir mares e rios mundo afora”, destacou Walisson Braga, coordenador nacional dos quilombos do Brasil.
Em janeiro, numa promíscua relação com as corporações do setor, o presidente ilegítimo, Michel Temer, participou de jantar durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, com o CEO da Nestlé, Paul Bulcke, e de outras empresas, como Ambev, Coca-Cola e Dow. Elas compõem o grupo 2030 Water Resources Group (2030WRG), consórcio que pretende privatizar cada metro cúbico disponível de água no planeta.
“Denunciamos as transnacionais Nestlé, Coca-Cola, Ambev, Suez, Brookfiled (BRK Ambiental), Dow AgroSciences, entre outras que expressam o caráter do ‘fórum das corporações”, escreveram os movimentos em manifesto divulgado, remetendo-se ao evento organizado com a presença das multinacionais em Brasília. Para os movimentos, a intenção é privatizar este e outros aquíferos para produção de bebidas.
Além de palavras de ordem, os militantes deixaram seu recado em forma de pixações. Participaram da ação militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), do Levante Popular da Juventude, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A manifestação também foi até a sede da Rede Globo em Brasília.
Os ativistas de diversos movimentos sociais ocuparam durante duas horas as instalações da Coca-Cola em Taguatinga, no Distrito Federal, como fizeram esta semana em uma fábrica da Nestlé em São Lourenço, Minas.
[Com informações do Vermelho]