Apesar da grande cautela que permeou quase todos os discursos, o ato político do 1º de Maio…
Apesar da grande cautela que permeou quase todos os discursos, o ato político do 1º de Maio da CUT na capital paulista foi marcado por uma retrospectiva dos sete anos de governo Lula e pela defesa da eleição de Dilma Rousseff.
A cautela deve-se à lei eleitoral. Somente o secretário de relações internacionais Adolfo "Fito" Aguirre, da Central dos Trabalhadores Argentinos, e o presidente da CSA (Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas), Victor Baez, fizeram menção explícita à eleição de Dilma Rousseff, pré-candidata à Presidência da República. Os demais, incluindo Lula, foram implícitos. Coube ao público presente na Praça Cívica do Memorial da América Latina o coro de "Dilma, Dilma", em diferentes momentos.
Lula fechou o ato com uma fala emocionada, que incluiu lágrimas ao dizer que "fomos leais àquilo que nos comprometemos quando assumimos o governo".
Antes dele, o presidente nacional da CUT, Artur Henrique, lançou oficialmente a "Plataforma da CUT para as Eleições 2010", lembrando que o documento, que traz mais de 200 propostas, "é resultado do esforço coletivo de sindicatos, federações e confederações que discutiram durante dois anos ideias para garantir os avanços dos últimos anos e aprofundar as conquistas". Em retrospectiva, lembrou que "há 10 anos, quando fazíamos nossos atos do 1º de Maio, discutíamos sempre o que fazer para deter o desemprego, o arrocho salarial, a retirada de direitos, as privatizações. Hoje, podemos debater uma agenda positiva, podemos entregar essa Plataforma com propostas de avanços. Nosso maior objetivo agora é impedir o retrocesso e continuar mudando o Brasil", afirmou Artur.
Aloizio Mercadante, senador e pré-candidato ao governo de São Paulo, abriu sua fala com o dado de que 657 mil empregos foram criados nos últimos três meses, "a maior média da história do Brasil". Em referência indireta ao pré-candidato José Serra, ex-governador do estado, que recentemente criticou o Mercosul, Mercadante afirmou que "o que queremos é uma América Latina rica, uma parceria estratégica fundamental para o Brasil e para a região". Lembrou ainda que a era tucana
Dilma Rousseff afirmou que o 1º de Maio é um momento propício para "olhar para o passado e ver se os compromissos assumidos foram cumpridos. Nosso governo tem conduzido o Brasil a um cenário em que mais de 21 milhões de pessoas saíram da miséria, através de instrumentos de distribuição de renda". Sobre política internacional, afirmou que o País deixou "de estar de joelhos diante das potências do Hemisfério Norte e tem se inserido de maneira soberana nas relações políticas e econômicas".
Lula fechou o ato. Lembrando que o tema do 1º de Maio deste ano é a integração latino-americana, aproveitou para atacar a política externa do período tucano. "Com a Alca, eles queriam simplesmente acoplar a nossa região ao domínio tecnológico dos Estados Unidos. Nós já tínhamos a experiência da área de livre comércio entre México, Estados Unidos e Canadá". Em seguida, destacou que atualmente a América Latina é a maior parceira comercial do Brasil.
"Eles só viajavam para Londres, Paris, Washington, Nova Iorque. Parecia que só interessava a eles os europeus e norte-americanos. Não sabiam que a beleza desse nosso povo é a mistura de negro, índio e europeu. Essa salada de frutas é nossa riqueza".
Dirigindo-se à imprensa, lembrou que, em seu programa de governo de 2003, havia menção à necessidade de criar mais de 10 milhões de empregos. "Me cobravam o tempo todo, como se eu tivesse prometido criar todos aqueles postos de trabalho. Não era uma promessa, era uma constatação da necessidade que tínhamos. Pois então, só por desaforo, até o final deste mandato vamos criar mais de 14 milhões de empregos com carteira assinada", provocou.
Adi dos Santos Lima, presidente da CUT-SP, organizadora da celebração, afirmou que "nosso 1º de Maio dialoga com as centrais de 20 países da região, pois temos uma agenda comum pelo trabalho decente. Debatemos este e outros temas com cultura, música e arte".
Antes do ato político, houve apresentações musicais do Quinteto Bachiana, sob regência de João Carlos Martins, de Raíces de América, do cantor Fernando Ferrer e de Milton Nascimento. Depois do ato, Carlinhos Brown fechou a noite.