Assim que tomou posse na Presidência da República, Jair Bolsonaro anunciou uma série de medidas de extrema-direita, “minando as proteções ao meio ambiente, os direitos indígenas à terra e a comunidade LGBT, colocando organizações não-governamentais sob monitoramento do governo”, diz, em editorial o jornal norte-americano The New York Times.
Mas nada disso foi surpresa, acrescenta a publicação, ao afirmar que o agora presidente é “um ex-oficial militar cujos 27 anos no Congresso brasileiro foram notáveis apenas por insultos grosseiros a mulheres, minorias sexuais e negros”.
Referindo-se ao processo eleitoral, o NY Times diz que nenhuma dessas manifestações parecia importar para os eleitores, em meio a um cenário de colapso econômico, onda de criminalidade e um escândalo de corrupção “que minou qualquer fé no establishment político”. Assim, a promessa de mudança de Bolsonaro, “qualquer mudança”, foi suficiente para elegê-lo, com 55% dos votos.
O discurso inaugurou, em que falou que o país começava a “se livrar” do socialismo, do gigantismo estatal e do politicamente correto” foi música” para os ouvidos de sua base reacionária, dos investidores e do presidente norte-americano, Donald Trump, “que compartilha seus valores e sua arrogância”. O resultado foi um nível recorde da Bolsa e fortalecimento do real perante o dólar.
Atacar minorias e fazer promessas grandiosas, até agora, só serve para compensar a falta de programas, diz o jornal, apontando confusões dentro do governo. “Enquanto seu ministro da Economia, Paulo Guedes, economista neoliberal educado na Universidade de Chicago, que ensinava economia no Chile durante a era Pinochet, prometeu reformar o pesado sistema previdenciário brasileiro, Bolsonaro fez comentários improvisados sugerindo uma idade mínima de aposentadoria bem abaixo do que sua equipe estava ponderando.”
O presidente também causou preocupação ao falar de aumento de impostos e aparentemente questionar a “parceria” entre Embraer e Boeing.
Para o jornal, com a força ainda demonstrada pelo presidente, dependerá das instituições brasileiras a resistência “ao seu ataque autocrático”, além da própria capacidade do governo de realizar reformas que a publicação considera “extremamente necessárias”. O teste deve começar no mês que vem, quando será instalado o Congresso, em que Bolsonaro deve encontrar oposição. “Um ano fatídico começou para o Brasil”, conclui o editorial.
Confira aqui o texto original em inglês.
[Via Rede Brasil Atual]