Nas ruas por mais emprego, mais salário e mais comunicação


Respondendo à tentativa das montadoras multinacionais e de setores do empresariado de lucrar com a crise, por meio do assalto ao erário e ao salário, precarizando direitos e apagando conquistas, a Central Única dos Trabalhadores manifestou seu sonoro Não à redução de jornada com redução de salários e cobra contrapartidas sociais para que os recursos públicos não escorram pelo ralo da ganância.

Com a convocação "Querem lucrar com a crise, a classe trabalhadora não vai pagar essa conta", o Dia Nacional de Luta que realizaremos na próxima quarta-feira, dia 11, visa dialogar com a sociedade e ampliar a sustentação da nossa posição pró-desenvolvimento, que vê na manutenção de empregos e salários a garantia de que o mercado interno continue em expansão.

Embora amplos setores da mídia estejam jogando no quanto pior melhor, com os donos dos  jornais, revistas e redes de rádio e televisão tentando fazer da crise um trampolim para o retorno do projeto neoliberal, o fato é que os alardeados impactos internos, como no caso das montadoras, é muito mais chantagem do que qualquer outra coisa. São transnacionais que tentam ampliar a sucção de recursos públicos, portanto da sociedade brasileira, para compensar os prejuízos das suas matrizes no exterior. O resultado é o crescimento vertiginoso da saída de recursos do país em dezembro, que somado às altas taxas de juros cobradas pelo BC de Meirelles – as mais altas do mundo – provocaram o encolhimento da produção industrial recorde no último mês do ano: 12,4%. Na prática, portanto, juros funcionam como uma sabotagem ao desenvolvimento, criando um caldo de cultura para ampliar internamente os impactos da crise internacional emanada dos países centrais e provocada pela globalização neoliberal.

Sobre a chantagem das montadoras, é cada vez mais evidente. Há filas de espera de até 45 dias para comprar carro novo. A General Motors, que alegando queda nas vendas, iniciou dando férias coletivas para pressionar pela redução de salários, demora hoje mais de mês para entregar um Corsa já vendido. Para se ter uma idéia do absurdo, as vendas em janeiro subiram mais de 5% em relação a dezembro e 90% dos modelos demoram até um mês para serem entregues.

Por seu lado, a mídia joga seus holofotes, flashes e mares de tinta para amplificar qualquer Sindicato que concorde em vestir o figurino da sua camisa-de-força, assinando os tais "acordos" de redução de jornada e salário, onde o patrão entra com a forca e o trabalhador com o pescoço.

Como esclarece o último jornal da CUT, esta é uma proposta burra e indecente, pois esconde que o que os empresários querem é aumentar a exploração e os lucros, ainda que matando a galinha dos ovos de ouro. Afinal, com menos dinheiro no bolso do trabalhador, menos consumo e menos crescimento.

Por isso, entre as propostas apresentadas pela CUT e que devemos dar maior visibilidade com as mobilizações do próximo dia 11, estão a de utilizar os R$ 130 bilhões drenados no pagamento do superávit primário para avalancar os programas sociais e investimentos em obras que gerem empregos; a imediata redução das taxas de juros; a ratificação das Convenções 151 e 158 da OIT – a que garante a negociação coletiva no serviço público e a que coíbe as demissões imotivadas; a liberação do crédito e a redução da jornada sem redução de salário. São medidas inadiáveis, que contrariam a lógica excludente das forças cegas do mercado e resgatam o papel central do Estado, como agente indutor do desenvolvimento e da justiça social.

Para que vençamos esta verdadeira batalha política e ideológica em torno dos caminhos a seguir, dar visibilidade às propostas da classe trabalhadora e sua agenda positiva é chave, para que alguns não caiam no canto de sereia da redução salarial para garantir empregos e façam o jogo dos que buscam o retrocesso. Daí a importância de que a cobertura da imprensa sindical esteja à altura deste desafio, para que consigamos dar a necessária dimensão dos nossos atos, via de regra encobertos pela mídia, a serviço do capital.