Não adianta ameaçar


A luta por uma proposta justa para o Dia de Desembarque está confirmando a necessidade da eterna vigilância em relação ao direito de manifestação dos trabalhadores. Não se pode vacilar. A tentação autoritária faz parte da gestão de uma empresa historicamente afinada com modos militares. Os trabalhadores estão atentos e resistem a estes arroubos.

Em contundente documento, o Sindipetro-NF fez ver à empresa, nesta semana, que não admitirá o retorno de velhas práticas de punição a petroleiros em razão do legítimo direito de manifestação. Também nas bases cresce a revolta contra a postura da empresa, que ao contrário de administrar o problema que criou, buscar solucioná-lo com uma proposta justa, empreende o caminho fácil e vil da perseguição.

O sindicato deixou claro para a Petrobrás que lamenta profundamente que algumas gerências recorram a ameaças para argumentar pelo trabalho no dia de desembarque. É a prática não de quem está em posição de força, mas de quem já perdeu por completo sua liderança, e não possui outro mecanismo para tentar manter seu status que não seja a tentativa de imposição do medo. A empresa bem sabe do ânimo em geral a bordo de suas unidades de trabalho, e dos efeitos que este tipo de ameça produziu no passado. Somente pode silenciar ante esta prática se a coonestar, o que nos levaria a refletir sobre a quem interessa o acirramento do movimento dos trabalhadores neste momento.

O NF também alertou para a responsabilidade que têm as gerências em relação a eventuais acidentes decorrentes da ineficaz administração do efetivo nas plataformas. Dentre os graves problemas de segurança que vivenciam os petroleiros, a questão do efetivo mínimo indispensável à operação segura das unidades tem importância fundamental.  Na visão dos trabalhadores, existe já flagrante desproporção entre a extensão e complexidade da prestação laboral e o número de petroleiros às mesmas designado. Indo muito além disto, a redução das turmas de trabalho à metade é uma temeridade irresponsável que deveria custar o cargo a quem a praticar.

Ignorar os efetivos mínimos indispensáveis à operação segura das unidades é um convite ao desastre o qual, caso venha a ser atendido, deverá gerar a responsabilização integral dos implicados na tomada e efetivação desta decisão, seja por ação seja por omissão. A gestão da Petrobrás conhece bem os petroleiros. Sabe a força da categoria. Seria prudente não desafiá-los a uma mobilização ainda mais intensa.