Na contramão do mundo, Petrobrás abandona setor de biocombustíveis e anuncia privatização da PBIO

[Com informações da imprensa do Sindipetro-BA]

A direção da Petrobras anunciou a venda da Petrobras Biocombustível S.A, a PBIO, que possui três plantas de produção localizadas nos estados de Minas Gerais, Bahia e Ceará.

Ao anunciar a venda da subsidiária, a atual gestão da Petrobrás lançou um comunicado ao mercado para mostrar aos prováveis compradores o bom negócio que farão ao adquirir a empresa.

Segundo a própria Petrobras, a PBIO terá um crescimento expressivo de 25% do mandato de mistura de biodiesel nos próximos 3 anos (B12 to B15), é porta de entrada / expansão no 3º maior mercado de biodiesel do mundo com localização estratégica com acesso privilegiado aos mercados brasileiros das regiões Sudeste e Nordeste, entre outros atributos.

Por que então a Petrobrás está vendendo um potencial negócio em um momento de pandemia, crise econômica e crise do setor petróleo? A resposta é simples. Assim como o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a direção da Petrobrás e o governo Bolsonaro estão aproveitando o período conturbado para “ir passando a boiada”. Ou seja, eles dão continuidade ao projeto de privatização da Petrobrás vendendo de imediato as unidades menores para não chamar a atenção. E fazem isso como se nada estivesse acontecendo no Brasil e no mundo.

Além de depreciar a PBIO, colocando-a à venda em um momento de crise, onde o preço do ativo está em baixa, a direção da Petrobrás, está se colocando na contramão das grandes empresas que valorizam e pensam estratégias ecológicas e de proteção ao meio ambiente.

Como empresa que produz e refina petróleo, a Petrobrás, no mínimo, deveria dar uma contrapartida para proteger o meio ambiente. Uma fábrica de produção de biocombustíveis é ideal nesse caso. Dá lucro e tem mercado em expansão. Além de ser naturalmente menos poluente, o biodiesel também reduz as emissões poluentes dos derivados de petróleo. Mas a atual gestão da Petrobrás, com DNA bolsonarista, não se importa com meio ambiente ou soberania nacional. Eles querem mesmo é vender tudo (a preços baixos) e privatizar o Sistema Petrobrás. Para isso eles seguem “passando a boiada”.

Expressão

A expressão “ir passando a boiada” foi dita pelo Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em reunião com o presidente Bolsonaro e outros ministros em 22 de abril, cuja gravação foi divulgada pelo STF. Salles disse que a pandemia da Covid-19 era uma oportunidade e que o governo deveria aproveitar para mudar regras que podem ser questionadas na Justiça (…) “e passar as reformas infralegais de desregulamentação”, ressaltando que isso serviria também para outros ministérios.