Para a maioria das empresas, os trabalhadores são apenas números, matrículas, peças de reposição. Muitas delas, como a Petrobrás, se recusam até mesmo a lembrar marcos de tragédias como a de Enchova ou da P-36. Mas para o Sindipetro-NF o entendimento é outro: cada um é uma histórica única e uma perda irreparável.
Não é diferente, portando, com Patric Carlos, o caldeireiro que morreu na manhã da última terça-feira, 2, a bordo da plataforma P-19, na Bacia de Campos, aos 38 anos. O trabalhador estava em seu terceiro embarque, dois deles na própria P-19 e um primeiro na P-63, empolgado com o novo momento da vida.
Sua esposa, Janayna Pereira, conta que ele “estava feliz e realizado no trabalho embarcado. Lutou muito para conseguir, fez todos os cursos necessários e junto com suas experiências ele alcançou seu objetivo”.
O petroleiro havia sido contrado pela empresa GranIHC Services S.A., contratada da Petrobrás, há apenas pouco mais de dois meses.
“Ele tinha muitos planos quando entrou na empresa, tinha expectativa de ter melhor qualidade de vida. Estava há pouco tempo na empresa e esse foi seu terceiro e último embarque”, conta.
Muito dedicado à vida familiar, Patric tinha uma filha do primeiro casamento e tratava também como sua a filha de Janayna. “Tinha muito carinho pela minha filha. Ele dizia a todos que tinha duas filhas. Sempre muito dedicado em tudo que fazia, muito carinhoso e prestativo com amigos e familiares”, lembra a companheira do petroleiro.
Ela conta ainda que o esposo gostava de cuidar da família, dos amigos e do trabalho, e amava pescar em alto mar e torcer para o Botafogo.
“A dor da partida tão precoce é muito grande. Ele sempre foi uma pessoa que se importava com a família acima de tudo e tudo que fazia era com perfeccionismo, que era uma das qualidades dele”, afirma Janayna.
Patric morava com a família na praia de Guriri, no município de São Matheus, no Espírito Santo, e sua morte deixou em estado de profunda consternação, além da esposa, filhas e demais familiares, todos os colegas na P-19, que chegaram a paralisar o trabalho na unidade em forma de luto e de protesto.
Diretor de SMS da FUP participa de comissão de investigação
Após ter alegado a necessidade de treinamento em Huet para que
O diretor de Sáude, Meio Ambiente e Segurança da FUP, Raimundo Teles, é o representante do Sindipetro-NF na comissão que investiga a morte por acidente de trabalho em P-19. Ele embarcou nesta sexta-feira, 05, para a plataforma, após entendimentos com a gestão da Petrobrás, que alegava a necessidade de treinamento em Huet para liberar o embarque.
O embarque só foi possível em razão do entendimento, do Sindipetro-NF, de que o dirigente sindical não estará a bordo para atuar como um trabalhador na área, mas como um representante institucional, como acontece com todos os demais representantes de órgãos fiscalizadores, como da SRTE (Superintendência Regional de Trabalho e Emprego), que não passam pela mesma exigência de treinamento em Huet.
O sindicato esclarece que valoriza os treinamentos e aprova uma cobrança rigorosa para todos os trabalhadores, mas entende que no caso de fiscalizações institucionais esta exigência não pode ser utilizada para coibir a atuação de representantes dos órgãos e da própria entidade.
[Da imprensa do Sindipetro NF]