MST realiza curso Realidade Brasileira junto com universidade

A partir do próximo dia 9 de outubro incia-se mais uma edição do curso Realidade Brasileira…





Vermelho

A partir do próximo dia 9 de outubro incia-se mais uma edição do curso Realidade Brasileira, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), através do núcleo sindical da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), desta vez em parceria com a Universidade Metodista de São Paulo. Marcelo Buzetto, que é da direção estadual do MST-SP e membro do núcleo sindical da ENFF, fala ao Vermelho sobre o curso e sobre a realidade brasileira atual em curta entrevista.

Portal Vermelho: Como se organiza esta parceria? Em que o MST entra na organização do curso?

Marcelo Buzetto: O MST já organiza há vários anos este curso, em parceria com várias universidades do Brasil. A primeira experiência foi em parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, mas também já houve turmas do Realidade Brasileira na Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade Estadual Paulista (Unesp). Neste curso o MST é um dos organizadores, através do núcleo sindical da Escola Nacional Florestan Fernandes, a escola de formação política criada pelo movimento, localizada em Guararema (SP). Nós participamos conjuntamente com os professores da universidade na elaboração do conteúdo programático, na discussão sobre a metodologia e na indicação do quadro docente.

Portal Vermelho: De onde surgiu a ideia de fazer um curso voltado a militantes dos movimentos sociais?

Marcelo: Percebemos que um desafio permanente dos movimentos de trabalhadores é a formação de novos militantes e dirigentes, pois sabemos que o estudo, a teoria e a reflexão crítica são fundamentais nas lutas sociais e políticas da atualidade. Pensamos em transformar este momento em que se debatem as eleições e projetos políticos para o Brasil em um momento de reflexão, balanço e estudo sobre a realidade brasileira, buscando compreender melhor as origens dos problemas econômicos e sociais que existem no Brasil atual, bem como qual o papel que a classe trabalhadora e suas organizações sociais e políticas têm no sentido de produzir uma alternativa verdadeiramente transformadora. Queremos aproveitar o momento para reafirmar que os movimentos de trabalhadores do Brasil precisam melhorar sua capacidade de mobilização e de organização, precisamos investir mais na formação política e ideológica de nossos militantes e fazer lutas de massa, pois só assim poderemos alterar a correlação de forças na luta de classes.

A aula de abertura do curso será sobre "a atualidade do marxismo e sua contribuição para as lutas sociais". Teremos a presença de João Pedro Stédile, da direção nacional do MST, e de Luci Praum, professora da Universidade Metodista De São Paulo.

Portal Vermelho:
O que você considera fundamental dizer acerca do Brasil neste momento?

Marcelo:
A avaliação do MST é de que vivemos ainda um momento de defensiva da classe trabalhadora, apesar de muitas lutas e da resistência de várias categorias e organizações durante os últimos anos. A ofensiva das forças conservadoras e anti-democráticas precisa ser combatida com organização e mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, por isso consideramos importante participar desta batalha eleitoral votando em candidatos progressistas e de esquerda mas, o fundamental, é se preparar para o próximo período, pois a classe trabalhadora precisará dar uma demonstração de organização, um mínimo de unidade em torno das lutas concretas , como a redução da jornada de trabalho sem redução de salário, a Reforma Agrária, a Reforma Urbana, etc., e uma firme decisão de investir cada vez mais na formação teórica-política-ideológica de seus militantes.

Portal Vermelho: Qual a importância do curso neste momento?

Marcelo: O debate presente no curso realidade brasileira visa compreender as origens dos problemas atuais, através do estudo da formação econômica, política, social e histórica do Brasil. Pretendemos fazer do curso um espaço de debate e reflexão que possa ajudar os movimentos a encontrar soluções para os desafios das lutas cotidianas, pois o público será de militantes de diversas organizações políticas e sociais. Queremos exercitar nossa capacidade de divergir e discordar mantendo o respeito e a clareza de que todas as organizações sofrem na atualidade alguma consequência da crise política, teórica, programática e organizativa que se originou no interior da esquerda latino-americana entre 1989/1999. Não pretendemos solucionar todos os problemas e encontrar todas as soluções, mas ser um espaço para ouvirmos uns aos outros, trocar opiniões e reflexões e ver no que podemos caminhar juntos no sentido de defender a classe trabalhadora diante da ofensiva do grande capital no brasil.