MST ocupa fazenda de Daniel Dantas no Pará

A Fazenda Espírito Santo, no município de Xinguara, no Sul do Pará, de propriedade do proprietário…

Vermelho

A Fazenda Espírito Santo, no município de Xinguara, no Sul do Pará, de propriedade do proprietário do Banco Opportunity, Daniel Dantas, foi ocupada na madrugada deste sábado (28) por 250 famílias ligadas ao MST. A ocupação das terras do banqueiro – condenado em primeira instância, em dezembro passado, por tentativa de suborno de um agente policial com US$ 1 milhão – visa polemizar com a tentativa de criminalização do Movimento por parte do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes.

 
Segundo Ulisses Manaças, da coordenação nacional do MST no Pará, a invasão é uma reação a declarações feitas durante o Carnaval pelo ministro Gilmar Mendes. Mendes disse estar ”certo” de que as ações do MST ”extrapolam os limites da legalidade” e disse ainda que a lei exige ”que o poder público não subsidie tais movimentos”, pois ”inheiro público para quem comete ilícito é também uma ilicitude”.
Os ataques de Mendes receberam o apoio de entidades ligadas à grande propriedade fundiária, como a Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Mas foram repudiados pelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, FNRA, que reúne dezenas de entidades ligadas às causas dos trabalhadores do campo.

Manaças explicou que a fazenda de Dantas foi escolhida uma vez que Gilmar Mendes foi o ministro responsável pelo habeas corpus que libertou o dono do Opportunity depois da Operação Satiagraha, deflagrada pela Polícia Federal no ano passado. O município de Xinguara é um dos principais focos de conflitos fundiários no país.

O dirigente do MST paraense afirmou também que declarações como a do presidente do STF podem estimular ações violentas do Latifúndio contra o Movimento, especialmente nas regiões Norte e Nordeste do país. Segundo o membro do MST, a entidade espera pelo menos uma posição de neutralidade de Mendes em relação ao tema.

O tema da violência no campo invadiu o noticiário depois que trabalhadores sem-terra que ocupam a fazenda Consulta, no Agreste de Pernambuco mataram quatro pistoleiros a soldo do fazendeiro. O MST afirma que ”o caso recente de Pernambuco é um exemplo de ação em legítima defesa, a que os trabalhadores tiveram de recorrer para evitar mais um massacre”.
 
O Ministério do Desenvolvimento Agrário defendeu a aplicação de recursos públicos em entidades ligadas ao sem-terra – no ano passado, elas receberam R$ 1,5 milhão. Segundo o ministro Guilherme Cassel, todos os convênios foram auditados.

Em visita a Florianópolis, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, também comentou as críticas do ministro Gilmar Mendes e disse que não lei que proíba o governo de repassar dinheiros aos movimentos sociais. ”Nós cumprimos lei, cumprimos legislação. Nós não operamos com nenhuma ilegalidade. E para que alguma coisa se caracterize como legalidade ou ilegalidade, ou há uma prova real ou há uma manifestação do judiciário”, disse Dilma.