Movimentos sociais repudiam invasão e bombardeio imperialista contra a Líbia

Itamaraty também critica agressão militar contra a Líbia…





Com informações do Vermelho

A agressão imperialista à Líbia desperta muitas reações. No domingo (20), no Rio de Janeiro, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, discursava para uma plateia seleta da elite política, cultural e empresarial do Brasil, desmanchada em demonstrações de servilismo, mais de duas mil pessoas se manifestavam contra a sua presença no país e contra a ação imperialista na Líbia. Uma das líderes do movimento, Socorro Gomes, presidente do Conselho Mundial da Paz e do Cebrapaz, discursou no ato político de protesto, afirmando que “o imperialismo estadunidense prossegue sua política de militarização e guerra, agredindo nações soberanas, com o objetivo de domínio geopolítico e de saquear as riquezas naturais, sobretudo o petróleo”.

Em nota do seu secretariado, com sede em Atenas, o Conselho Mundial da Paz condenou a agressão imperialista à Líbia. Leia abaixo:

O imperialismo começou uma nova guerra

O Conselho Mundial da Paz (CMP) expressa sua veemente e enérgica condenação à agressão imperialista que foi iniciada contra a Líbia. A total escalada militar de operações da França, do Reino Unido e dos EUA, com o apoio da Liga Árabe e de vários Estados da União Europeia e da OTAN, prova que a agressão havia sido planejada há muitos dias.

Os imperialistas estão usando o pretexto da intervenção humanitária para proteção dos civis, com o objetivo claro de tomar o controle dos recursos energéticos do país e impor um novo regime, de acordo com seus interesses. Mesmo tendo condenado o uso da força militar do Exército líbio contra manifestantes civis, o Conselho Mundial da Paz reitera que é um direito soberano do povo líbio escolher seu governo e que, na verdade, seus recursos naturais são o alvo do poder real das corporações transnacionais e multinacionais imperialistas que estão por trás de tudo isso.

Foram mortos centenas de líbios e esta matança do povo líbio pelos imperialistas continua em seu terceiro dia. Este acontecimento prova claramente que a decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas, mediante a resolução 1973, para impor uma Zona de Exclusão no espaço aéreo líbio simplesmente foi usada para dar início a uma guerra contra a Líbia. A própria ONU está cometendo crimes contra os povos do Afeganistão, do Iraque e muitos outros.

Exigimos o fim imediato da agressão e a retirada das forças militares estrangeiras da área.

Parar a guerra à Líbia agora!

20 de março de 2011
O Secretariado do Conselho Mundial da Paz

Itamaraty critica agressão militar contra a Líbia

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) divulgou uma pequena nota à imprensa, na noite desta segunda-feira (21), onde se manifesta sobre a situação na Líbia. O Itamaraty pede um cessar-fogo imediato e diz que o governo brasileiro lamenta “a perda de vidas decorrente do conflito no país”.

Ao não citar na nota a coalizão que está agredindo o país líbio, o Itamaraty manda um duplo recado: não apoia a tática e os ataques da coalizão, mas ao mesmo tempo não quer ser visto como apoiador do regime de Kadafi, por isso, generaliza o conceito sobre "perda de vidas", incluindo aí tanto as mortes decorrentes da agressão estrangeira quanto aqueles mortos na guerra civil interna.

Segundo a imprensa, o texto da nota teria sido debatido diretamente entre o chanceler Antonio Patriota e a presidente Dilma Rousseff. O documento sugere apenas nas entrelinhas que, como o Brasil previu na votação do Conselho de Segurança da ONU, os ataques estão tendo o efeito contrário e aumentando o número de mortes no País.

Na votação da última sexta-feira, n aONU, apenas Brasil, Rússia, Índia, China e Alemanha se abstiveram de votar a favor da imposição da resolução que previa a imposição de uma zona de exclusão aérea na Líbia e o uso de "todos os meios para defender os civis líbios". Os outros dez membros do Conselho de Segurança (EUA, França, Reino Unido, Líbano, Bósnia, Nigéria, Gabão, Portugal, África do Sul e Colômbia), muitos deles sob influência dos Estados Unidos, aprovaram o texto.

O documento brasileiro emitido hoje segue, em tom mais ameno, as reclamações feitas pela Liga Árabe, que, embora tenha apoiado a intervenção inicialmente, alegou que houve excessos nas ações que causaram mais danos aos civis. Desde as negociações para a criação de uma zona de exclusão aérea o Brasil tem se alinhado às posições dos países árabes.

Os ataques da coalizão internacional – formada por EUA, França, Reino Unido, Itália, Canadá, Qatar, Noruega, Bélgica, Dinamarca e Espanha – começaram no sábado e, segundo o governo líbio, já provocaram a morte de mais de uam centena de civis. Houve, inclusive, o bombardeamento de um hospital.

Leia, abaixo, a íntegra da nota à imprensa.

Ministério das Relações Exteriores
Assessoria de Imprensa do Gabinete
Nota à Imprensa nº 120

21 de março de 2011

Situação na Líbia

Ao lamentar a perda de vidas decorrente do conflito no país, o Governo brasileiro manifesta expectativa de que seja implementado um cessar-fogo efetivo no mais breve prazo possível, capaz de garantir a proteção da população civil, e criar condições para o encaminhamento da crise pelo diálogo.

O Brasil reitera sua solidariedade com o povo líbio na busca de uma maior participação na definição do futuro político do país, em ambiente de proteção dos direitos humanos.

O Governo brasileiro reafirma seu apoio aos esforços do Enviado Especial do Secretário-Geral da ONU para a Líbia, Abdelilah Al Khatib, e do Comitê ad hoc de Alto Nível estabelecido pela União Africana na busca de solução negociada e duradoura para a crise.

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