Movimentos sociais repudiam ataque a acampamento do MST, que matou dois agricultores

Após a morte de dois integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) na tarde desta quinta-feira (7), no município de Quedas do Iguaçu, região central do Paraná, diversas entidades e organizações divulgaram notas de apoio ao movimento. Além do ato de solidariedade, elas repudiaram o ocorrido e cobraram punição aos responsáveis.

As vítimas, Vilmar Bordim (44) e Leonir Orback (25), eram militantes do MST e trabalhavam na organização do acampamento. Vilmar era casado e pai de três filhos, e Leomar deixou esposa grávida de nove meses. Também foram feridos mais sete trabalhadores e dois detidos para depor e já foram liberados.

O MST está na região há quase 20 anos, e sempre atuou de forma organizada e pacífica para que houvesse o avanço da reforma agrária, reivindicando que a terra cumpra a sua função social. Só no grande latifundiário da Araupel foram assentadas mais de 3 mil famílias.

Segundo o relato das vítimas do ataque, não houve confronto algum. A emboscada ocorreu enquanto aproximadamente 25 trabalhadores Sem Terra circulavam de caminhonete e motocicleta, há 6 km do acampamento, dentro do perímetro da área decretada pública pela justiça, quando foram surpreendidos pelos policiais e seguranças entrincheirados.

As vítimas informaram que eles alvejaram o veiculo onde se encontravam os Sem Terra, que para se proteger, correram mato adentro em direção ao acampamento, na tentativa de fugir dos disparos que não cessaram. Em relato a PM admite que os dois corpos foram recolhidos de dentro da mata. Todas as vítimas foram baleadas pelas costas, o que deixa claro que estavam fugindo e não em confronto com a PM e seguranças.

“Exigimos a punição dos responsáveis pelo crime, executores e mandantes. Reafirmamos a reforma agrária como uma de nossas bandeiras. Sem reforma agrária, não há qualidade de vida para as mulheres e para todo o povo brasileiro”, diz trecho da nota publicada pela Marcha Mundial de Mulheres (MMM).

O Levante Popular da Juventude também se posicionou sobre o ocorrido e questionou a pouca visibilidade da imprensa sobre o caso: “A grande mídia silencia os acontecimentos, e a polícia extermina a juventude e quem luta por transformações em nosso país. Chega de impunidade! Exigimos que a Secretaria de Justiça do Paraná investigue o caso e identifique os policiais envolvidos. Precisamos avançar na desmilitarização da polícia!”.

Em Nota, a direção do MST no Paraná exige “imediata investigação, prisão dos policias e seguranças, e punição de todos os responsáveis – executores e mandantes- pelo crime cometido contra os trabalhadores rurais Sem Terra; o afastamento imediato da policia militar e a retirada da segurança privada contratada pela Araupel; garantia de segurança e proteção das vidas de todos os trabalhadores acampados do Movimento na região; que todas as áreas griladas pela empresa Araupel sejam destinadas para Reforma Agrária, assentando as famílias acampadas”.

Leia a Nota da CUT

Em mais uma ação arbitrária, violenta e ilegal, a Polícia Militar do governo Beto Richa (PSDB-PR) emboscou, atirou e matou dois companheiros – Vilmar Bordim e Leonir Bhorbak – do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Outros 22 companheiros ficaram feridos após a ação da PM que, por incrível que pareça, trabalhou em conjunto com seguranças de uma madeireira.

De acordo com o advogado de Quedas do Iguaçu, Claudemir Torrente, “todas as vítimas foram baleados pelas costas. O que deixa claro que estavam fugindo e não em confronto com os policiais”. Logo após o crime, a PM isolou a área por algumas horas impedindo a aproximação de familiares das vítimas, advogados e imprensa. Advogados que estavam no local, denunciaram que policiais removeram os corpos e objetos da cena do crime sem a presença do IML.

A mídia fala em confronto. Não foi confronto. Foi massacre. Em 29 de abril do ano passado, a PM do Paraná agrediu violentamente professores que lutavam por seus direitos em frente à Assembleia Legislativa do Estado. A tática dos reacionários e ditadores é tentar calar com cassetetes e balas as vozes que lutam e reivindicam direitos de forma pacífica.  

A emboscada ocorreu nesta quinta-feira, dia  7, na cidade de Quedas do Iguaçu, a 6 km do Acampamento Dom Tomás Balduíno, dentro do perímetro da área decretada pública pela Justiça. O MST organiza a luta por terra na região há quase 20 anos, sempre de forma organizada e pacifica. Só no grande latifundio da Araupel foram assentadas mais de 3 mil famílias.

A CUT exige uma investigação séria e transparente, feita por órgãos Federais que resultem na punição de todos os responsáveis pelos crimes.

Assinamos embaixo e estaremos junto do MST nas exigências de que os assassinatos sejam investigados, que os policiais e seguranças sejam presos, que todos os responsáveis, executores e mandantes, sejam punidos; afastamento imediato da PM da região e a retirada da segurança privada contratada pela Araupel; a garantia de segurança e proteção das vidas de todos os trabalhadores acampados do Movimento na região; que todas as áreas griladas pela empresa Araupel sejam destinadas para Reforma Agrária, assentando as famílias acampadas.

Para a CUT, essa também é uma demonstração do que nos espera se não conseguirmos barrar o golpe que está em curso no País. Se os conservadores voltarem ao poder, os grandes latifundiários serão privilegiados e muitos estarão livres para praticarem a grilagem e promoverem massacres usando a “lei da bala” de forma impune.

Veja também:

–> Levante da Juventude manifesta solidariedade ao MST pela morte de dois sem-terra, no Paraná
–> Marcha Mundial de Mulheres se posiciona sobre ataque a acampamento do MST
–> Nota do Incra sobre ataque à acampamento do MST
–> Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo do Rio Grande do Sul repudiam a ação da PM do PR
–> Contag lança nota de repúdio ao assassinato dos trabalhadores sem-terra no PR nesta quinta (7)

Fonte: Com informações do Brasil de Fato e MST