Movimentos sociais e centrais integram Grito dos Excluídos

Vermelho

Em todo o país, milhares de pessoas integraram o tradicional Grito dos Excluídos neste 7 de Setembro que, desde 1995, denuncia a exclusão social e a dependência econômica, social e cultural do país, imposta por um sistema que exclui muitos e privilegia o capital e uma minoria. Além de representantes da igreja, que promove o ato, movimentos sociais e centrais sindicais marcharam juntos.

Em São Paulo, um dos locais de concentração foi na Praça da Sé que reuniu cerca de 1.200 manifestantes. Eles seguiram até o Monumento da Independência, no Ipiranga, passando por vias como Conselheiro Furtado, Rua Tamandaré, Rua Lavapés, Rua da Independência, até chegar à Avenida Dom Pedro.

Os militantes começaram a chegar às 8 horas para acompanhar a missa rezada pelo arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer. Depois, se reuniram em frente à Catedral onde estavam algumas lideranças ligadas à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que promove a mobilização.

Também estavam presentes integrantes do Fórum das Pastorais de São Paulo, de movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e das centrais sindicais como a Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a CSPConlutas e a Intersindical.

“O 7 de Setembro, pelo seu simbolismo, acaba comportando diversas manifestações. Uma que tem projeção é o Grito dos Excluídos que procura levantar temas de interesse da maioria da população. A CTB participa ao longo dos últimos anos dessa atividade e achamos que a grande defesa nossa deve ser a da democracia, da soberania nacional e dos direitos dos trabalhadores e do povo”, declarou Nivaldo Santana, vice-presidente da CTB, presente no evento. Para ele, “independentemente de uma ou outra opinião diferenciada de participantes do Grito dos Excluídos, é um movimento importante.”

Rogério Nunes, secretário de Políticas Sociais da central, falou em nome da CTB durante o ato, afirmando que a entidade sindical integra a marcha dos excluídos por concentrar “os trabalhadores do Brasil e para fortalecer o movimento popular” e os que “sempre foram excluídos e marginalizados e maltratados por essa elite que sempre governou, para dar um basta nesta situação”.

“É uma forma de chamar a atenção para a situação do Brasil que, apesar de avanços, ainda há uma grande dependência econômica, cultural, das grandes nações imperialistas. É uma forma da CTB se aproximar dos movimentos sociais de outras matizes, como o Grito dos excluídos. Temos o maior percentual de jovens brasileiros hoje em dia e por conta disso a CTB tem uma proposta muito próxima, de estimular o protagonismo da juventude e a juventude trabalhadora como uma força importante nesse processo”, declarou ao Vermelho.

O dirigente cetebista lembrou durante sua fala da luta do movimento sindical contra o PL 4330 da terceirização: “Queremos chamar os demais movimentos sociais porque esse PL significa o fim das leis trabalhistas, rasgar a CLT, e nós não podemos admitir isso. Temos que assegurar aos trabalhadores os vínculos necessários para garantir nossos direitos. Estamos aqui com essa denúncia. Também queremos dizer que como todas as manifestações do povo brasileiro em toda sua história, queremos que seja feita uma grande reforma política, que os empresários não financiem mais as campanhas, que elas sejam feitas com recursos públicos. Por uma reforma política pra valer, democrática”.

Juventude

O tema deste ano do Grito traduz o sentimento dos movimentos que tomaram as ruas na Jornada de Junho: “Juventude que ousa lutar Constrói um Projeto Popular”. Em todo o país movimentos de juventude organizados participaram dos atos, como a União da Juventude Socialista (UJS), o Levante Popular da Juventude ea  Pastoral da Juventude.

“Acreditamos em um projeto que zele pela dignidade da vida humana, que coloque a juventude como protagonista da história. Estamos lutando na campanha contra a violência e o extermínio dos jovens. Em nosso país, a juventude não tem voz e quando tem é vítima da ação policial, como no dia 13 de junho, onde a PM agrediu a juventude, que estava reivindicando”, declarou durante a manifestação Flávia Stefani, da Pastoral da Juventude, que se posiciona contra a redução da maioridade penal. “Acreditamos em um projeto diferente, em um projeto de uma civilização do amor, diferente dessa onde o capital está esmagando os nossos jovens, a juventude brasileira”, completou.

A representante da juventude católica lembrou a trajetória da organização e o foco de suas ações: “A PJ celebra 40 anos de caminhada, de resistência, de sonhos, de utopia contra um sistema que usa um mecanismo destruidor, violento.”

Paulo Cesar Pedrini, coordenador da Pastoral Operária Metropolitana de São Paulo e um dos organizadores do Grito, falou ao Portal Vermelho sobre a escolha do tema para a edição 2013.

“Tivemos o privilégio de termos no país a Jornada Mundial da Juventude e tivemos essa feliz coincidência das manifestações de junho. São os anseios da juventude por um país mais justo, mais solidário, com qualidade de vida de fato, saúde, educação. É necessário também denunciar o extermínio da juventude”, explicou Paulo Cesar, que também lembrou que em Aparecida do Norte, no interior do estado paulista, já é a 19ª edição, enquanto que em outros locais, como a capital paulista, é a 17ª.

Ele lembrou ainda que a escolha da data e do local não é por acaso. “O local, onde foi dado o grito de independência, é escolhido para a gente dar um grande grito contra a exclusão e por uma nação livre, soberana, justa e solidária”, concluiu.

O fim do extermínio da juventude brasileira, principalmente de negros, também foi uma das bandeiras levantadas por outro ato do Grito dos Excluídos na cidade, que se concentrou na Praça Oswaldo Cruz e seguiu até a Assembleia Legislativa, no Parque Ibirapuera.