Rede Brasil Atual
A Secretaria-Geral da Presidência da República e o Ministério da Saúde realizaram quarta-feira (28), no Palácio do Planalto, em Brasília, um encontro entre representantes da sociedade civil, sindicatos e movimentos sociais para falar sobre o Mais Médicos. Durante o evento, as mais de 50 entidades presentes declaram apoio ao programa. Mas demonstraram preocupação em relação ao controle social e conhecimento específico em relação a políticas de saúde segmentadas, como em relação a mulher e aos negros.
“O Norte e o Nordeste são os lugares onde mais mulheres morrem de câncer de colo do útero, será que eles vão entender o porquê disso?”, afirmou a representante da Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, Maria do Espirito Santo.
“Além do Mais Médicos ter sido pensado para resolver um problema social, traz outros problemas que não apareciam: o preconceito, o racismo, a xenofobia”, afirmou a enfermeira e representante da Associação Nacional de Travestis e Transexuais Fernanda Benvenutti, em referência às demonstrações de contrariedade da vinda dos médicos estrangeiros, principalmente os cubanos.
Desde segunda-feira, 682 médicos que preencheram vagas não ocupadas por brasileiros fazem treinamento para entender o funcionamento do sistema de saúde no Brasil. Na chegada dos cubanos em Fortaleza, os profissionais foram vaiados. Uma jornalista chegou a declarar em uma rede social que, por não se imporem por meio de roupas, médicas nascidas em Cuba pareciam empregadas domésticas.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que abriu o diálogo, acredita que a desinformação está movendo os opositores do projeto. “Não posso acreditar que uma pessoa de bom senso deixe de concordar com a essência desse projeto. O debate está dado e muitas vezes a desinformação e o preconceito acabam formando opiniões”, afirmou.
Vera Moraes, da Nova Central Sindical, afirmou que irá observar os contratos estabelecidos para garantir isonomia em relação aos profissionais brasileiros. “Queremos crer que as pessoas que se debruçaram sobre esses contratos não tenham sido levianas ao ponto de ignorar essa proteção aos irmãos estrangeiros”, disse. Cada médico irá receber uma bolsa de R$ 10 mil. Apenas os cubanos irão receber de maneira indireta um valor decidido pelo governo do país.