Pelo direito à moradia e contra os efeitos da crise econômica mundial, integrantes do Movimento…
Pelo direito à moradia e contra os efeitos da crise econômica mundial, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) realizaram, na última semana, ações em cinco diferentes estados — Amazonas, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro e São Paulo. As ações tiveram início no dia 30 de março e integraram o Dia Nacional de Lutas contra a Crise e Desemprego, realizado em várias capitais do país.
O objetivo do movimento, segundo o dirigente Guilherme Boulos, foi “chamar atenção no Dia Nacional de Lutas, para os problemas da crise econômica e do desemprego, e também especificamente para o problema da moradia” no País.
Em São Paulo, além de participar do Ato Unificado contra a Crise – convocado pelas centrais Sindicais — com uma marcha que percorreu a Avenida Paulista no último dia 30, o MTST realizou manifestações e o fechamento de importantes avenidas e rodovias nas cidades de São Paulo, Campinas, Guarulhos e Osasco.
“Fizemos ações em outros estados do País: foi bloqueada uma via importante no centro de Manaus, no Amazonas, e o MTST participou de ações gerais também no Pará, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais”, descreve Boulos.
Para o dirigente do movimento, as ações tiveram um balanço positivo em relação à visibilidade política que se conseguiu para as reivindicações do MTST, especialmente na ação da Avenida Paulista, que de acordo com ele, teve um caráter unificador de vários segmentos da classe trabalhadora. “A expectativa nossa, do MTST, é de que esse processo de debate e unificação de lutas no País venha a se aprofundar a depois do 30 de março. Que o 30 de março tenha sido só um começo para um processo de resistência e enfrentamento da classe trabalhadora contra os efeitos da crise do capitalismo”, relata Guilherme Boulos.
Sobre os rumos da luta do movimento neste ano, Guilherme Boulos afirma que “o MTST vai continuar fazendo ocupações de terrenos que são usados pela especulação imobiliária nas grandes cidades do país”.
Pacote de habitação
Uma das preocupações do movimento é o programa "Minha Casa, Minha Vida", anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 25 de março. O programa prevê a construção de 1 milhão de moradias para famílias com renda até dez salários mínimos (R$ 4.650).
Guilherme Boulos teme que o pacote, diante do atual quadro de crise, seja destinado a resolver problemas do setor da construção civil e do setor imobiliário, ao invés de atender à demanda por moradia das famílias mais pobres.
“A reivindicação que o movimento apresenta nesse quadro é a de que a implementação desse projeto seja feito num debate com os movimentos populares, que atenda a demanda das famílias que mais precisam e que, para isso, seja um projeto com participação popular e não com determinação vinda de cima pelas empreiteiras e pelo ramo de especulação mobiliária da construção civil”, conta Boulos.
As normas para implantação do programa serão divulgadas até o dia 13 de abril, conforme anunciado pelo governo federal. Guilherme afirma que o movimento terá uma reunião com a Caixa Econômica Federal antes do anúncio das normas para debatê-las com o órgão.
“Se essas normas não atenderem às expectativas do movimento, nós vamos iniciar uma jornada de lutas para que esse pacote seja um pacote construído junto com os movimentos populares, que atenda aos interesses dos sem-teto e não do setor imobiliário”, declara o dirigente do MTST.