Movimentos fazem ato em solidariedade à Revista do Brasil

Movimentos sociais e veículos de comunicação indepentes realizaram nesta quarta-feira (27) ato de solidariedade à Revista…





Vermelho

Movimentos sociais e veículos de comunicação indepentes realizaram nesta quarta-feira (27) ato de solidariedade à Revista do Brasil, censurada após ação movida pela coligação demo-tucana. Sobraram críticas à velha mídia e à falta de liberdade de expressão.

No ato realizado na sede do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, o presidente da CUT, Artur Henrique, disse que o pedido de suspensão da Revista do Brasil e do Jornal da CUT, pela coligação que reúne PSDB e DEM, encarna a tentativa de calar os movimentos sociais. Artur relembrou que o pedido de tucanos e democratas tinha mais ações que não foram atendidas, como o pedido de segredo de Justiça e a suspensão do blogue do Artur.

O dirigente sindical criticou a censura aos meios de comunicação que expressam a opinião dos trabalhadores, ao mesmo tempo em que publicações como Veja têm liberdade para estampar em sua capa e no conteúdo Aécio Neves. Artur fez referência à edição nº 2187, de 20 de outubro, da publicação, em que se aposta no poder do político mineiro. "Eles também tentaram a suspensão da edição número 1 da revista do Brasil, mas a Veja com Aécio pode, mostrar Dilma Rousseff com duas caras também pode", dispara.

O diretor da Gráfica e Editora Atitude, empresa responsável pela Revista do Brasil e pelo site Rede Brasil Atual, Paulo Salvador, elencou os veículos de comunicação e profissionais que nos últimos dez dias "sofreram atentados à liberdade de expressão". Na lista estão, além da Revista do Brasil, o repórter João Peres da Rede Brasil Atual – que sofreu xingamentos por parte do senador eleito pelo PSDB-SP Aloysio Nunes – a TV Record, os blogues dos jornalistas Paulo Henrique Amorim, de Luiz Carlos Azenha e de Renato Rovai. Também lembrou da tentativa de suspensão do blogue do Artur e do processo contra os profissionais do blogue "Falha de S. Paulo". O diretor citou ainda as demissões arbitrárias de jornalistas e articulistas pelo grupo Abril, por O Estado de São Paulo, pelo Diário do Nordeste e o caso do apresentador de TV de Goiás que se demitiu ao vivo em consequência de censura.

Descontrolados

Para a jornalista Renata Mielli, do Centro de Mídia Barão de Itararé, é preciso amplificar a rede de solidariedade e luta porque os veículos de comunicação da grande imprensa, aliados a grupos de poder da direita, estão descontrolados. "Esta semana, diversas matérias demonizaram a criação de Conselhos de Comunicação", lembra. "Eles estão descontrolados. Jogaram todas as cartas para ganhar as eleições", aponta a jornalista.

Falha de São Paulo

O jornalista Lino Bocchini e o designer Mario Bocchini, do blogue Falha de S. Paulo, suspenso por liminar obtida pela Folha de S. Paulo, contaram ao público sobre o processo que estão sofrendo pelo jornal que não compreendeu a crítica bem-humorada dos profissionais. "O processo da Folha contra nosso trabalho é uma loucura completa. Seria como cassar a Globo porque o Casseta & Planeta faz paródia do Lula", relaciona Lino. Além de suspender a veiculação do blogue, o jornal conseguiu liminar para cassar o endereço na internet e impedir a utilização de qualquer endereço parecido.

"Não somos ligados a nenhum partido ou entidade. Só achamos a Folha um jornal ruim", explicaram às centenas de pessoas presentes ao ato por liberdade de expressão. Com a suspensão do bloque, os profissionais criaram novo site para se defenderem das alegações da Folha. "Abrimos o desculpeanossafalha.com.br para mostrar tudo para as pessoas analisarem por si mesmas", indicam.

Cachorro morto

A deputada federal reeleita Luiz Erundina (PSB-SP) ressaltou seu sentimento de revolta pelos diversos casos de censura, mas também se disse satisfeita, porque "não se chuta cachorro morto". "Eles ficam enciumados da criatividade, do trabalho que vocês fazem", declarou. "Não conseguem sair da mediocridade", analisou a ex-prefeita de São Paulo.