Em artigo divulgado aos trabalhadores nesta terça-feira, 10, o coordenador da FUP, José Maria Rangel, critica a indicação de Moreira Franco para o Ministério de Minas e Energia. “É um recado claro dos golpistas de que irão acelerar a privatização da Eletrobrás, a entrega do Pré-Sal e o desmonte da Petrobrás”, alerta o petroleiro, relembrando a ficha corrida do novo ministro.
Moreira Franco é o mentor do pacote de privatização de mais de 200 ativos estatais, incluindo a Eletrobrás e é também um dos responsáveis pelo desmonte do Sistema Petrobrás. “Sob o seu comando, foi elaborado o programa ‘Gás para Crescer’, que resultou na privatização da Liquigás, da Transportadora Associada de Gás (TAG), da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), da Nova Transportadora do Nordeste (NTN), da Transportadora Brasileira do Gasoduto Brasil-Bolívia (TBG), além da venda dos terminais de regaseificação da Bacia de Guanabara (RJ) e de Pecém (CE)”, explica o coordenador da FUP. “A estratégica área de energia sempre foi considerada a cereja do bolo por Moreira Franco, que conduziu uma série de projetos de desestatização do sistema elétrico e da cadeia de óleo e gás”, declara.
“Deram leite para o gato”, ironiza José Maria Rangel na chamada do seu artigo, cuja íntegra segue abaixo. “A nação não pode ficar inerte diante de afrontas como esta”, afirma.
[Foto Gibran Mendes]
Deram leite para o gato
Por José Maria Rangel, coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros
Com os holofotes da mídia voltados para a prisão política do ex-presidente Lula, Temer concluiu nesse final da semana a sua reforma ministerial. Ao todo, nove ministros deixaram o governo para assumirem candidaturas nas eleições de outubro. Com a dança das cadeiras, o Ministério de Minas e Energia foi entregue ao mais que suspeito Moreira Franco, acusado por corrupção e denunciado pelo ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot, por crimes de obstrução à Justiça e organização criminosa.
O novo cargo, além de mantê-lo sob foro privilegiado, é um recado claro dos golpistas de que irão acelerar a privatização da Eletrobrás, a entrega do Pré-Sal e o desmonte da Petrobrás. Citado 34 vezes em delação premiada da Operação Lava Jato, por receber propinas em troca de favores prestados à empreiteira Odebrecht, Moreira Franco ganha mais um fôlego para escapar da Justiça e se consolida como um dos principais protagonistas da maior privataria da história do país.
Cúmplice do golpe, ele ganhou de presente de Temer a Secretaria Geral da Presidência da República, com status de ministro para que pudesse ter foro privilegiado e continuar escapando da Justiça. Sua principal missão foi comandar o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), criado para privatizar mais de 200 empreendimentos e bens públicos, desde estatais, como a Eletrobrás e a Casa da Moeda, a ferrovias, portos e aeroportos, além de concessões de blocos de petróleo e lotes de energia elétrica.
A estratégica área de energia sempre foi considerada a cereja do bolo por Moreira Franco, que conduziu uma série de projetos de desestatização do sistema elétrico e da cadeia de óleo e gás. Defensor da desregulamentação do setor, é um dos responsáveis pelo desmonte do Sistema Petrobrás. Sob o seu comando, foi elaborado o programa ‘Gás para Crescer’, que resultou na privatização da Liquigás, da Transportadora Associada de Gás (TAG), da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), da Nova Transportadora do Nordeste (NTN), da Transportadora Brasileira do Gasoduto Brasil-Bolívia (TBG), além da venda dos terminais de regaseificação da Bacia de Guanabara (RJ) e de Pecém (CE).
Moreira Franco foi ainda um dos arquitetos do novo marco regulatório de mineração, que flexibilizou as leis do Código de Mineração e criou a Agência Nacional de Mineração (ANM), uma autarquia federal cujo objetivo é facilitar a entrega das jazidas do país às multinacionais.
Essa é a ficha corrida do novo ministro de Minas e Energia, cujas mãos sujas ameaçam a já cambaleante soberania nacional e colocam em risco o que ainda resta de garantia de futuro para as próximas gerações de brasileiros. A nação não pode ficar inerte diante de afrontas como esta.
O roteiro do golpe não vai parar por aí. A prisão do ex-presidente Lula foi a forma que encontraram de tentar deter os que estancariam essa sangria. É urgente que o povo se levante e cerre fileiras ao lado dos segmentos organizados da sociedade que estão na luta em defesa do Estado Democrático de Direito e da soberania nacional. Tempos ainda mais difíceis virão. A resistência só está começando.